Luzes natalinas e devaneios

O aumento entre a oferta e a procura cresceu, a superprodução tem atingido altos níveis. Certamente o desemprego ou subemprego também tem aumentado, contudo esse fator não diminui o consumo. Basta ter um acontecimento importante para que as lojas se vistam de “maravilhosas” ofertas que atraem todo tipo de rendas.

A Black Friday, por exemplo, movimenta milhões de pessoas em diversos países. As lojas reais estendem os horários; as virtuais em si funcionam 24 horas.

Sobretudo em dezembro, começa uma carreira desenfreada pelas compras. As ofertas variam e seduzem com 50%, 60% e até 75%. O dado interessante é que o cliente se aproxima a conferir preços e é praticamente obrigado a comprar. A recusa ao gasto não é mais aceita. Os vendedores, para conservarem o emprego, promovem o devaneio: “Você não pode deixar de aproveitar essa grande oportunidade”, e ainda, “Suas compras poderão ser faturadas e parceladas de acordo as suas possibilidades”.

E você, alguma vez, já se perguntou se o que comprou, seja na Black Friday ou outro tempo, era-lhe realmente necessário ou indispensável? Caso contrário, o prazeroso das ofertas pode virar um fardo desnecessário à sua vida. Além disso, caberia se perguntar: o preço da mercadoria dias antes da Black Friday não teria sido mais baixo que neste dia de oferta?

Neste universo consumista, somos desafiados à maior reflexão. Por isso é importante se deter a pensar: o que estou consumindo? Isso aplicado não somente ao material, mas ao todo. Pois corremos o risco de sermos consumidos pelo que consumimos.

O atual sistema do mercado não tem interesse nas nossas escolhas, necessidades reais ou deliberações. Ele se interessa na quantidade obtida pelo lucro. Dessa forma, as vestes Black Friday, Santa Claus, entre outras, veladamente exercem a função de tirar nossa capacidade de decidir, escolher, questionar, etc.

Por isso exerçamos nossa autonomia, indo contra o devaneio do mercado. E assumamos o desafio de outros modos de viver.

Irmã Juana Ortega, SSpS, é teóloga especializada em Bíblia. Nasceu no México, trabalhou em Moçambique e, atualmente, além de animadora vocacional, acompanha as jovens aspirantes na Comunidade Madre Josefa, em Belo Horizonte-MG.

 

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