O que aprendi trabalhando num Convento

O famoso e movimentado bairro de Santo Amaro, Zona Sul de São Paulo, esconde um casarão centenário e uma realidade diferente e mística: a do Convento Santíssima Trindade. Nosso lar.

Fachada do convento

Nossa casa é também sede da Congregacão Brasil Norte e nela funcionam a casa de repouso das nossas irmãs aposentadas (o Lar Santana), dois institutos (a Rede de Solidariedade e a Rede de Educação SSpS) e o Centro Missionário e Cultural SS. Trindade, bem como o centro administrativo de todas estas entidades.

Como em muitas outras entidades religiosas, nosso convento possui processos administrativos e, logo, colaboradores e colaboradoras leigas para este serviço. Uma delas, Paula Lima de Faria, de 23 anos, que trabalha no marketing, preparou um emocionante texto para contar como é a experiência de trabalhar neste nosso lugar sagrado.

“Em 2015 me inscrevi para uma vaga de estágio em um instituto. Quando cheguei ao local, por fora vi apenas um quarteirão com muitas árvores e um espaço grande, mas quando entrei me deparei com um lugar simplesmente fantástico, tanto na essência do trabalho quanto no sentido estético. Estava diante de uma estrutura antiga, gótica, secular.

Gruta de Nossa Senhora de Lourdes, localizada no jardim do convento, usada para oração e reflexão

Enquanto andava pelo local, deslumbrada com a sua arquitetura, via também muitas mulheres sorridentes e alegres. Fui encaminhada à sala de entrevistas e, de repente, me vi conversando com duas freiras, coisa que nunca fiz na vida. Irmã Cida e Irmã Ana Elídia me explicavam o trabalho e aproveitavam pra tirar algumas dúvidas que me apareceram assim que as vi:

– Desculpe a pergunta, mas vocês são casadas? Notei uma aliança. – Havia notado um anel no dedo anelar da mão das irmãs.

– Somos sim, com Jesus! – respondeu irmã Cida, sorrindo.

A entrevista se sucedeu bem e fui então chamada para trabalhar. Minha chefe, irmã Ana Elídia, muito atenciosa e compreensiva, ao longo dos meses me ensinou muito mais do que o meu trabalho e sobre a vida profissional. Com seu jeito calmo e sereno, me ensinou como devo levar a vida com tranquilidade, a ser flexível e sempre entender o lado dos outros. As outras irmãs me ensinaram muito também: a ser animada, a festejar mais a vida, a prestar atenção nas pessoas carentes e necessitadas e no quanto é importante e gostoso manter um relacionamento com Deus.

Estátua de Santa que fica no topo do prédio do convento

O interessante da história é que elas não sabem que me ensinaram isto. Foi com o seu testemunho de vida e exemplo diário que aprendi estas coisas. De certo a minha vontade de estar com Deus e ajudar mais o próximo aumentaram significativamente.

A lição mais importante que aprendi ao longo destes quase 3 anos aqui foi o valor que o ser humano tem. Independente da raça, do contexto, da segurança do local, da história da pessoa, da religião e qualquer outro fator, as irmãs se dedicam a cuidar das pessoas que precisam. A causa é real e o trabalho árduo e diário também.

Paula no jardim do convento

Obrigada, irmãs, pela oportunidade de estar com vocês nesta caminhada.”

Paula Lima de Faria.

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