18 anos da Pastoral da Pessoa Idosa

Primeiro de outubro. Além de estarmos em plena primavera, é a abertura de um mês de muitas datas significativas. Para a Igreja, celebra-se o Mês das Missões, cuja padroeira é Santa Teresinha do Menino Jesus, acompanhada dos Santos Anjos. Lembramos também o Dia da Padroeira do Brasil e Dia das Crianças (12), do Fisioterapeuta (13), do Professor (15), do Médico (18), do Dentista (25), do Funcionário Público (28) e tantas outras homenagens.

Nesse sentido, também se comemora a aprovação da Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003, que dispõe sobre o Estatuto do Idoso. Dá-se à sociedade, ao Poder Público, ao Estado, às famílias brasileiras a regulamentação de uma série de prerrogativas à pessoa idosa, como o direito à vida, à saúde, à educação, à cultura, à assistência e previdência social, ao lazer, ao esporte, à habitação e ao transporte. A velhice passa a ter uma proteção social como direito fundamental. Assim, nessa mesma data, celebra-se o Dia do Idoso.

Diante do quadro demográfico da população brasileira, que tem demonstrado um perfil de envelhecimento, do Ano Internacional do Idoso, promovido pela ONU, e da Carta aos Anciãos, escrita pelo Papa João Paulo II em 1999, a CNBB lançou, em 2003, a Campanha da Fraternidade com o tema: “Fraternidade e as Pessoas Idosas”, tendo como lema: “Vida, dignidade e esperança”.

Assim, no ano seguinte, sensibilizada pela situação das pessoas idosas, principalmente nas comunidades carentes, a dr.ª Zilda Arns Neumann, médica, irmã do arcebispo Dom Paulo Evaristo Arns, decidiu iniciar um programa de acompanhamento às pessoas idosas, nascendo a Pastoral da Pessoa Idosa (PPI).

Por dezoito anos, a PPI sempre foi marcada pela visita domiciliar. Com a pandemia, contudo, muitas visitas foram substituídas pela conversa ao telefone. Com a vacinação e os cuidados sanitários, a Pastoral da Pessoa Idosa vem retomando as visitas, pois muitas pessoas que moram sozinhas esperam ansiosamente receber os agentes missionários.

A experiência da pessoa idosa tem muito a acrescentar à vida da família e da comunidade em geral. Seus ensinamentos e relatos fazem parte da memória da história local. Ouvir a pessoa idosa é importante, pois muito têm a nos ensinar.

Infelizmente, o século XXI tem sido de muita correria. Ninguém parece ter tempo para visitar aquele avô ou avó que mora longe dos filhos e netos ou aquela tia que vive sozinha. Em contraponto, há grupos da terceira idade que costumam programar reuniões ou viagens em excursão. Mas, ainda, há aquelas pessoas idosas que não têm condições ou não querem sair, pois preferem ficar em seu “cantinho”. Nosso desafio está em encontrar um tempinho na semana para dar atenção a todos os que são necessitados de atenção e levar a Palavra, o conhecimento.

Na educação para jovens e adultos (EJA), é comum ouvir de senhoras e senhores que, depois de aposentados, voltam a estudar: “Voltei para realizar um sonho que eu tinha de estudar”. Depois dos filhos criados, estão voltando… O Brasil ainda tem 11 milhões de pessoas analfabetas (conforme dados do IBGE de 2010) e, entre eles, a maioria é de idosos. Vamos incentivar a pessoa idosa a aproveitar melhor o tempo que tem, respeitando suas fragilidades, oferecendo-lhes conforto, conhecimento, dignidade.

O Brasil precisa de todos. Leia o Estatuto do Idoso, procure pesquisar seus direitos. Ter cuidados com a saúde física é importante, mas com a saúde mental e espiritual também. Devemos combater o etarismo e a humilhação social contra os idosos. Se alguém sofre violência tanto física quanto psicológica, financeira, patrimonial, afetiva, denuncie. Ligue para 180.

Que Santa Ana, São Joaquim, Zacarias, Isabel e outros exemplos bíblicos, os filósofos Sêneca e Cícero, nossa poetisa Cora Coralina e tantos outros nos inspirem a viver bem.

Maria Terezinha Corrêa

Mestra em Antropologia, especialista em Ensino de Filosofia, graduada em Filosofia e Pedagogia, Teologia pelo Mater Ecclesiae, filiada à ABA, APEOESP e SBPC, membro da diretoria da Aproffib (Associação dos Professores de Filosofia e Filósofos do Brasil), atualmente é professora de Filosofia na Prefeitura de São José-SC, membro da Comissão de Prevenção e Combate à Tortura pela ALESC e voluntária na Pastoral da Pessoa Idosa, ligada à Arquidiocese de Florianópolis.

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *