Você sabia que buscar a justiça faz parte da vivência da espiritualidade cristã? Não só faz parte como é algo essencial. A espiritualidade autêntica busca coerência entre o que se acredita e aquilo que se vive. Não dá para seguir Jesus Cristo sem praticar a justiça, pois esta é um dos principais valores do Evangelho.
Tanto que, para as missionárias servas do Espírito Santo, a busca da justiça faz parte do próprio estilo de vida das irmãs. Temos consciência de que “justiça, paz e integridade da criação não são meramente algo que fazemos, mas estão no próprio coração de nossa vocação religioso-missionária” (Direções do 14º Capítulo-Geral SSpS). Não basta trabalhar em direitos humanos e questões sociais, mas toda a nossa vida deve estar impregnada das atitudes de Jesus e do Evangelho.
No tempo de nosso fundador, Santo Arnaldo Janssen, o conceito de justiça social era pouco conhecido, embora se experimentassem de perto as consequências da Revolução Industrial e a exploração que sofriam os operários.
Nos escritos de Arnaldo Janssen, há uma busca explícita pela justiça, especialmente no que se refere a “relações justas” com Deus, com a criação e entre as pessoas. Na revista “Cidade de Deus”, por ele fundada, escreveu sobre os objetivos da publicação: “Que chegue a ser uma fiel lutadora pela verdade e pela justiça, e conserve, em muitos corações, o amor pela santa religião e pelo grande Criador de todos os corações”.
O lema “Viva Deus Uno e Trino em nossos corações e nos corações de todas as pessoas” mostra o cerne de sua busca, que é a relação de comunhão com Deus e entre as pessoas. Só é possível haver comunhão se há justiça, e esta se constrói pela maneira correta de se relacionar consigo mesmo, com as pessoas, com os acontecimentos, com a criação e com Deus.
Nas cartas de Arnaldo Janssen, de José Freinademetz e das primeiras madres SSpS, sempre aparecem observações sobre a maneira correta de se relacionar, incentivando o respeito, o amor mútuo e o evitar as injustiças.
Quanto à justiça para com os pobres, Arnaldo introduziu entre os seminaristas o costume de visitar os pobres em suas casas e recebê-los no seminário, dando-lhes comida e acompanhando-os em suas necessidades.
Madre Josefa, antes de ir para Steyl, pertencia à Ordem Terceira Franciscana e era considerada benfeitora de sua vila, por ajudar os pobres e atender doentes e idosos. Essa mesma atitude ela levou para a Congregação.
Assim, praticar a justiça é uma atitude espiritual com consequências práticas. Significa não ser conivente com a exploração dos mais pobres e desfavorecidos. Significa abraçar as grandes causas dos direitos humanos e da ecologia, mas também assumir uma posição a favor do que é justo e correto nas situações pequenas do dia a dia. E você, como pratica a justiça?
Irmã Ana Elídia Caffer Neves é jornalista, pós-graduada em Formação Holística pela Unipaz e membro da Equipe de Comunicação SSpS.