Todo ano, na segunda quinta-feira após Pentecostes, a Igreja celebra a Solenidade de Corpus Christi. Celebração iniciada em 1246, na Diocese de Liège, Bélgica, após Santa Juliana ter tido visões sobre a necessidade de uma festa para a celebrar a presença de Cristo na Eucaristia. Mais tarde, em 8 de setembro de 1264, foi instituída pelo Papa Urbano IV para ser celebrada em toda a Igreja.
O que significa para os cristãos a Solenidade de Corpus Christi? É uma manifestação pública da fé na presença real de Cristo na Eucaristia. A procissão lembra a passagem bíblica que fala da entrada de Jesus em Jerusalém, em que a multidão estendia ramos e vestes para a passagem de Jesus, saudando-o com o “Bendito o que vem em nome do Senhor”!
Na tradição de origem portuguesa, aqui no Brasil, enfeitam-se as ruas com cenas eucarísticas, formando verdadeiros “mosaicos” coloridos como expressão de amor e reconhecimento dessa presença misteriosa, mas real, de Jesus.
A Igreja celebra a presença real de Jesus na Eucaristia como maior dom deixado por Jesus. Ao proclamá-lo publicamente nas procissões, a Igreja confessa sua fé na Eucaristia e convida todos a adorar o Senhor nessa presença.
Para os cristãos, olhar para o ostensório onde se vê um “pedaço” de pão é ver ali, em sua fé, a presença misteriosa, real, de Jesus; é confirmar o que se faz em todas as eucaristias, em que se proclama após a consagração: “Mistério da fé”.
Na consagração, o sacerdote repete as palavras de Jesus na última ceia. Lá, Jesus ordenou aos apóstolos que fizessem o mesmo que Ele fizera naquela ceia derradeira: “Fazei isto em memória de mim”. O Concílio Vaticano II, inspirado em 1Cor 11,26, pôs para aclamação da assembleia: “Anunciamos, Senhor, a vossa morte e proclamamos a vossa ressurreição. Vinde, Senhor Jesus”. Ao celebrarmos assim a memória de Jesus, não só reavivamos nossa fé em sua presença, mas manifestamos também que esse Jesus é o que se encarnou no seio de Maria, se fez gente como nós, morreu e ressuscitou para nos salvar, e virá uma segunda vez, em sua glória, para “julgar os vivos e os mortos”, como proclamamos no Credo. Na Eucaristia, nós atualizamos o único e eterno sacrifício.
Em Corpus Christi, manifestamos publicamente esse mistério de nossa fé. Por isso dobramos os joelhos em adoração diante dele e testemunhamos e vivemos o que cremos.
Corpus Christi é a expressão usada ao recebermos a comunhão; em português, “Corpo de Cristo”. Ao que respondemos “amém”! Esse amém é nossa profissão de fé naquele que recebemos. Será Ele o amém para sempre, nossa esperança e nosso desejo de união permanente. Porque só Ele tem “palavra de vida eterna”, como disse Pedro.
Peregrinos com Jesus, caminhamos decididos rumo à nova Jerusalém que desce do céu. Corpus Christi é a festa que reconhece Cristo vivo, peregrino entre nós, acompanhando-nos até a morada eterna.
Padre Deolino Pedro Baldissera, SDS