A contribuição do jornalismo educacional na vida escolar

O ambiente escolar é um universo de informações, práticas pedagógicas e saberes que não pode ficar restrito à sala de aula. Nesse cenário, o jornalista é um dos responsáveis por apurar os acontecimentos em um colégio, atribuindo significância ao que é produzido por estudantes e professores, além de contribuir na criação e implementação de variadas possibilidades comunicativas.

Talvez ainda haja quem se surpreenda com a existência desse profissional em uma instituição de ensino. Para muitas pessoas, o lugar natural de um jornalista seria atuando em um jornal impresso, revista, rádio, televisão, podcast ou em um canal de notícias na internet. Porém, o jornalismo educacional tem a seu dispor um amplo campo de trabalho, que permite abordar o que acontece na vida escolar e os desafios que surgem na educação, dando voz aos protagonistas desse contexto: alunos, educadores, equipe pedagógica, direção, especialistas e as famílias dos estudantes.

O papel do jornalista é apurar fatos, realidades sociais e informações de interesse público, divulgando aquilo que tem relevância na atualidade para conhecimento da sociedade. Esse conceito é válido tanto para quem produz notícias em qualquer veículo de comunicação no mundo quanto para quem atua dentro de uma escola.

E aqui cabe ressaltar a diferença que está no modo como esse profissional lida com a informação, em comparação às demais formas de comunicação entre as pessoas. No artigo “Do jornalismo e da história à história do jornalismo, o professor doutor Felipe Simão Ponte enfatiza: “Ao Jornalismo não é permitido inventar fatos sem que isso seja considerado um erro”. Depois, ele diz: “Enquanto a Comunicação está interessada em qualquer processo de conversa que acontece na sociedade (seja ela persuasiva, estética, ficcional) entendendo os sentidos decorrentes dela, o Jornalismo possui a especificidade de tratar algo que aconteceu e que precisa ser compreendido pelo público como algo que aconteceu”.

Dessa maneira, o jornalista também cumpre a função social de perpetuar registros no tempo, tanto nos canais de comunicação do próprio colégio quanto na imprensa local. Afinal, o modo de produção da notícia confere credibilidade ao fato, permitindo que atividades que marcaram época ou situações que impactaram a comunidade escolar em determinado período possam ser revisitadas por gerações futuras.

Em cada entrevista que faz, o jornalista não coleta apenas informações. Ele é um mediador entre os indivíduos, estabelecendo conexão entre os protagonistas da notícia e o público. Nesse processo, o jornalista valoriza as conquistas educacionais, científicas, culturais, artísticas e esportivas que acontecem na escola, abrindo oportunidades para que alunos e professores possam ser reconhecidos na comunidade escolar e na região onde o colégio está inserido.

No caso das instituições de ensino das irmãs missionárias servas do Espírito Santo (SSpS), os comunicadores ainda contam com a bênção de Santo Arnaldo Janssen, fundador da congregação. Afinal, na biografia dele, há uma passagem que revela a consciência de Arnaldo quanto à importância dos meios de comunicação social. Quatro meses após a inauguração da Casa Missionária de Steyl (Holanda), em 8 de setembro de 1875, ele abriu uma tipografia para impressão de revistas para atrair vocações e meios econômicos que contribuíssem para a animação missionária nos países de língua alemã.

Seguindo esse espírito pioneiro de Santo Arnaldo Janssen, os comunicadores das escolas da Rede de Educação SSpS colocam seus dons no trabalho de produção e distribuição da informação, usando os formatos impressos, audiovisuais e digitais já conhecidos, ao mesmo passo que buscam experimentar novas possibilidades comunicativas que estejam alinhadas ao interesse do público.

 

Marcos Vinícius Merker

Jornalista no Colégio Espírito Santo, Canoas-RS.

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