A desertificação desperta para a espiritualidade ecoteológica

A crise climática traz preocupações eminentes para a sociedade. O Brasil já está sentindo na pele as consequências do extrativismo excessivo e das políticas irresponsáveis de preservação do meio ambiente. Nos últimos cinco anos, o País perdeu cerca de 8,56 milhões de hectares de vegetação nativa. O desmatamento cresceu 22,3% em relação a 2021, alcançando 20.572 km2 em 2022. Os biomas Amazônia (58%) e Cerrado (32,1%), juntos, demarcaram 90,1% de toda a área desmatada, segundo o Relatório Anual de Desmatamento no Brasil 2022 (Tasso Azevedo et al., 2023).

Os dados reafirmam que o quadro de desertificação se agrava com o crescimento de áreas desérticas, áridas e de secas repentinas. Para o pesquisador Humberto Barbosa (2023), o efeito desértico está acelerado: “As chuvas já estão sendo reduzidas pela degradação nas terras secas do Brasil. Isso é grave, pois é um sistema que se retroalimenta”, afirma. 

Diante das possíveis consequências geradas pela desertificação, a Igreja (como educadora da fé e da vida) alerta para a necessidade de uma espiritualidade para a Ecoteologia. Uma proposta para rever a relação entre Deus-humanidade-semelhantes-Criação. 

A reflexão teológica que adota o paradigma ecológico, principalmente da chamada ecologia profunda, que busca compreender as causas da crise ecológica, não somente na superfície, mas também em nossas cosmovisões, modos de conceber Deus e nós mesmos a partir de perspectivas da dominação e exploração, exige repensar o lugar da humanidade na comunidade da Criação, como cuidadores e cuidadoras da vida”, defende Pe. Ricardo Castro, professor da Faculdade Católica do Amazonas e assessor da Repam (Rede Eclesial Pan-Amazônica) Brasil. 

Somente com uma espiritualidade fixa na defesa da vida ecossistêmica, na defesa de políticas públicas que não sejam corrompidas pelo poder financeiro-sensacionalista-ineficiente e de uma educação para a relação harmoniosa com a natureza, poderemos acreditar na boa-nova da vida.

Para saber mais

Humberto Barbosa. Flash drought and its characteristics in Northeastern South America during 2004–2022 using satellite-based products. Atmosphere, v. 14, n. 11, p. 1629, 30 Oct. 2023. Disponível em: https://doi.org/10.3390/atmos14111629

Tasso Azevedo et al. Relatório anual do desmatamento no Brasil – RAD 2022. São Paulo: MapBiomas, 2023. Disponível em: https://alerta.mapbiomas.org/wp-content/uploads/sites/17/2024/03/RAD_2022.pdf 

 

 

Miriam Bernardete de Souza

Especialista em Linguística e Comunicação Social, educadora social, facilitadora em fundamentos em justiça restaurativa e formação cristã para a cidadania. Voluntária da equipe de comunicação Vivat International – Brasil.

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