A lição da figueira

“Aprendei, pois, a parábola da figueira. Quando o seu ramo se torna tenro e as suas folhas começam a brotar, sabeis que o verão está próximo. Da mesma forma, também vós, quando virdes essas coisas acontecerem, sabei que ele está próximo, às portas” (Mc 13,28-29).

A poesia de Jesus, em continuidade com a tradição de Israel, faz uso de imagens para apresentar a presença salvadora de Deus na vida das pessoas. A figueira é referida como sinal concreto da chegada do verão. Da mesma forma, os sinais realizados por Jesus também são a prova de que o Reino de Deus está bem próximo.

Essa parábola é uma das mais difíceis de compreender, e, quando interpretada, é lida em referência ao do fim do mundo. O perigo das interpretações descontextualizadas e isoladas conduz ao reducionismo ou fundamentalismo. E então a mensagem salvadora do texto corre risco de ficar oculta pelas especulações de condenação final ou servindo de falsas marcações de datas sobre a volta de Jesus.

Porém a parábola da figueira aponta em outra direção e pode ser lida em paralelo com as parábolas que tratam da colheita, do vinho, da messe. Isso porque ela contém figuras de julgamento e assim introduzem o tempo da salvação.

Quando os ramos se tornam tenros e as folhas começam a nascer, saberemos que o verão está próximo. “Da mesma forma, quando virdes acontecer essas coisas saiba que ele está próximo, às portas.” Quem está às portas? É o Messias.

É interessante observar que, quando a figueira perde as folhas, parece como que inteiramente morta, por isso seus brotos irrompem como se a vida vencesse a morte. Não é por acaso que Jesus usa essa imagem para mostrar que o Messias tem seus prenúncios: o povo da salvação é chamado para nova vida.

Mas o que podemos apreender da figueira?

A lição da figueira é, para todas as pessoas e em todos os tempos, um alerta sobre o mistério da vida e da morte. Pois nem sempre estamos conscientes e, muitas vezes, ficamos alheios aos sinais da presença salvadora de Deus.

As mídias nos bombardeiam com notícias sobre assassinatos, catástrofes, etc., misturadas com ofertas de produtos, viagens, comidas e vida de celebridades. É difícil digerir tanta informação e mais difícil distinguir o que é fato real e o que é #fakenews. O mais grave é que, pela rapidez das coisas, nem temos tempo para permitir-nos sentir dor e alegria, indignação e compaixão diante as realidades apresentadas.

Aprendamos, pois, com a figueira o discernimento e a sensibilidade: “Sabei que ele está próximo, às portas” e, nos chama para uma vida nova!

Irmã Juana Ortega, SSpS, é teóloga especializada em Bíblia. Nasceu no México, trabalhou em Moçambique e, atualmente, além de animadora vocacional, acompanha as jovens aspirantes na Comunidade Madre Josefa, em Belo Horizonte-MG.