A manutenção da vida depende da preservação dos oceanos

O Dia Mundial dos Oceanos é celebrado em 8 de junho. Os oceanos são extensas áreas de água salgada que cobrem cerca de 71% da superfície do planeta e somam 97% de toda água da Terra. Eles têm extrema importância ecológica, sociocultural, econômica e política, a começar pela manutenção da vida. São responsáveis por regular a temperatura do planeta, produzir grande parte de oxigênio, por meio de microalgas, abrigar inúmeras espécies e também desempenhar um papel muito importante na alimentação, extração mineral, transporte, turismo, divisão de fronteiras e geração de renda. Por conta disso, são fundamentais para a sobrevivência de todos os seres vivos.

Apesar de toda a amplitude, as atividades humanas podem causar danos irreparáveis aos oceanos e à vida marinha, pois estão sendo ameaçados pela superexploração dos biomas, gestão inadequada do lixo e do esgoto, e por padrões produtivos altamente poluentes.

Com a demanda global por peixe crescendo a cada ano, locais de pesca em todo o mundo estão entrando em colapso por causa de práticas pesqueiras insustentáveis. Isso afeta, de forma significativa, populações de animais marinhos, colocando-os em risco de extinção.

A aceleração do aquecimento global gera grandes desafios. O Relatório Especial sobre Mudanças Climáticas, Oceanos e Criosfera, divulgado pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) em 2019, apontou que os oceanos estão mais quentes, mais ácidos e menos produtivos, o que ameaça uma ampla gama de espécies marinhas.

O nível do mar está aumentando duas vezes mais do que no último século. Até 2100, ele pode se elevar acima de um metro se as emissões de gás carbono continuarem a subir intensamente, isso porque os oceanos absorvem mais de 25% das emissões de CO2. Em consequência, ocorrerão eventos extremos durante o aumento das marés e tempestades mais danosas. Há indicadores de que, com qualquer grau de aquecimento global, eventos que ocorriam uma vez a cada século no passado ocorram a cada ano, em diversas regiões, aumentando o risco para muitas cidades costeiras que estão abaixo do nível do mar ou regiões insulares. Sem investimentos, essas áreas podem ser expostas a progressivos riscos de enchentes, e algumas regiões insulares podem se tornar inabitáveis.

Outra e mais visível ameaça aos oceanos é a poluição causada pelo descarte de resíduos sólidos e químicos, lançados diariamente nas águas. De acordo com a WWF (World Wildlife Found), conforme dados publicados em 2019, 14 bilhões de toneladas de lixo são acumulados nos oceanos todos os anos. Essa imensa quantidade de resíduos produz o aparecimento de organismos que prejudicam a vida marinha e comprometem o percentual de alimentos.

Mais de 50% das tartarugas marinhas morrem por ingerir alguma forma de lixo. Cerca de 90% de todo o lixo flutuando nos oceanos são formados por plástico. Algumas estimativas apontam que, se não for diminuído o ritmo com que se descartam itens como copos, talheres, sacolas, canudos e garrafas descartáveis, os oceanos terão, até 2050, mais plásticos que peixes, e 99% das aves marinhas terão ingerido o material (ONU, 2018).

Ainda há o problema dos microplásticos, presentes em produtos de higiene e roupas, que são lançados no mar por meio dos esgotos. Ainda é impossível retirá-los dos oceanos por causa do seu pequeno tamanho. Pesquisas do Greenpeace indicam que pelo menos 51 trilhões de partículas de microplástico já estejam em nossos mares atualmente. Isso coloca em risco não apenas os animais que ingerem esse lixo, mas também os humanos, que comem o material ao consumirem frutos do mar.

Embora os problemas possam parecer intratáveis, é possível ajudar por meio de mudanças de atitudes. Então o que fazer para frear esses efeitos?

1. Reduzir o consumo de plástico

São necessários pelo menos 450 anos para que uma garrafa plástica se decomponha e desapareça do meio ambiente. Em vez de continuar consumindo esse tipo de produto, substitua-o por uma garrafa de aço inoxidável que não seja descartável. Escolha produtos reutilizáveis, pois minimizam a quantidade de lixo gerado.

2. Diminuir a pegada de carbono

Isso significa optar por deslocar-se de bicicleta ou transporte público, em vez de usar o carro; diminuir o consumo geral de energia; usar fontes de energia “verdes”, como a energia solar e a eólica; e fazer escolhas mais conscientes sobre o que comer e o que comprar.

3. Antes de comprar peixes ou frutos do mar, verificar a procedência

Ajudar a reduzir a procura de espécies exploradas, ao optar por aquelas que sejam saudáveis e sustentáveis.

4. Participar de ações de limpeza das praias

Depois de aproveitar o tempo na praia, é necessário se assegurar de que está deixando o espaço limpo. Organizar ações de limpeza com amigos, familiares, ONGs ou até mesmo sozinho é uma grande medida para evitar a contaminação dos mares.

5. Apoiar organizações que protegem e monitorem a vida marinha

Há institutos e organizações nacionais que lutam para proteger os habitat dos oceanos e a vida marinha. Essas entidades necessitam de apoio financeiro ou de voluntários para trabalhos de campo ou na defesa de direitos. No Brasil, existem várias organizações dedicadas ao monitoramento, proteção e conservação dos oceanos e animais marinhos, como o Projeto Tamar, o Instituto Baleia Franca, o Projeto Verde Mar, o Mar Limpo e muitos outros.

Sem ação direta e governamental, o futuro do planeta é sombrio. Toda a vida na Terra está ligada aos oceanos e àqueles que os habitam. Quanto mais se aprende sobre os desafios que enfrenta esse sistema vital, mais se empenhará na defesa da sua sustentabilidade, por isso é necessário partilhar o conhecimento para educar e inspirar outros.

Izabela Mendes de Paula, graduada em Ciências Biológicas, especializada em Educação Ambiental. Atualmente é auxiliar de laboratório do Colégio Sagrado Coração de Jesus, em Belo Horizonte-MG.

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Referências
WWF – WWF Brasil. Disponível em: www.wwf.org.br. Acesso em 5 jun. 2020.

INTERGOVERNMENTAL PANEL ON CLIMATE CHANGE IPCC. The special report on climate change, oceans and cryosphere. Cambridge: Cambridge University Press, 2019.

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