Nestes tempos de distanciamento social e de muitos desafios, a poesia pode ser um respiro e um suspiro. Foi pensando nisso que alunos e professores, orientados pela professora Cristiane Imperador, do Colégio Espírito Santo, em São Paulo-SP, partilharam com os leitores e leitoras do blog SSpS suas composições. Procure um bom lugar e se delicie!
Museu
Tento não ser pessimista,
Não viver como museu
E sempre buscar o bem atual?
Bem, digo buscar você,
Mesmo sabendo o não recíproco,
Me sinto bem ao seu lado.
Meus problemas vão do ralo
E voltam ao ringue contra mim.
A vida é muito curta,
Eu sei disso,
Mas sua rápida passagem
Não me trouxe compreensão,
Apenas indagação.
Tento os orgulhar,
Mostrar que a chama está acesa,
Mas o extintor do julgamento
Apaga apenas as labaredas,
E o resto do corpo fica queimado.
Água fria do mar,
Acalme o meu viver,
Me traga a compreensão que necessito
Seja Iemanjá de meu problema
E me leve para o fundo da água, onde posso esfriar.
A vida se tornou complicada,
Ainda mais com o desconhecimento
Do seu sentido subjetivo intrínseco.
Será o tal sopro do Criador?
Ou vislumbres de abandono e dor?
Eu quero amar,
Quero sonhar e estar bem,
Não me permito.
Permissão que eu mesmo tirei
Ao ver, em meus olhos,
A doce e azeda decepção
De sentir que tudo foi em vão,
Perdendo-se em oscilação.
Um tipo de vazio,
Que eu espero que passe.
Como areia no Saara
Que, carregada pelo vento,
Compõe a beleza natural.
Será minha beleza natural
O ó de todo mal,
Com a sinceridade de anjo
E a teia animalesca sentimental,
Que dita minha existência arenosa?
As coisas passam,
O passado não volta,
Mas estava no futuro
Quando lembrei ansioso
De amar e viver o presente.
O museu onde as coisas passam.
Mateus Marum (aluno da 3ª série do ensino médio)
Ciclo da vida
Este é o ciclo da vida
Nascemos
Crescemos
Morremos
Não temos como fugir disso
Temos que aproveitar o tempo que temos
Temos que fazer coisas que vão ficar nas nossas memórias
Esse é o ciclo da vida
E não tem como fugir.
Ana Julia Fonseca Van Utterbeeck (aluna da 1ª série do ensino médio)
Sob outro ângulo
Fim!
De repente, meu mundo virou.
Mergulhei sob minha terra
E andei sobre meu oceano.
Tudo estava confuso!
Tudo estava trocado!
Porém, observando este universo,
Refleti e compreendi!
Cuidei de tudo aquilo que me faltava
Valorizar até então.
Vi o novo diferente no antigo.
Descobri que o novo
Nem sempre é tão ruim,
Que a realidade é cheia de incertezas…
Mas tudo bem!
Sempre há um lado positivo e
Negativo nas mudanças….
Sim, era o fim…
De minhas velhas certezas,
Uma página virada num livro.
Surge então, em minha vida, a
Oportunidade de criar um novo capítulo,
Um novo começo!
Anne Caroline Gonçalves Martins (aluna da 1ª série do ensino médio)
Perdão
Paixão, algo que confunde nossa mente Nos faz perder a noção que existimos
Trazendo sensações diferentes sucessivamente
Nós discutimos
Porém, nosso amor supera qualquer barreira
Em meus braços, senti seu corpo
Em meu nariz, seu cheiro doce
Na minha boca, seus lábios leves como uma pena
Seu calor traz calma
Seu amor traz alegria
Não queria ter errado
Meus pensamentos me dominaram
Meus erros não permitiram que eu ficasse calado
Mas imploro pelo seu perdão
Você soltou minha mão
Assustada, correu de meu coração
Perdão é algo que não conseguiria ouvir de você
Mas eu me ajoelho sobre meus erros
E peço lhe desculpas
Não me deixe sumir de seus pensamentos
Leandro Morales (aluno da 1ª série do ensino médio)
A mulher
Mulher,
você é incrível!
Você gera e traz uma vida ao mundo,
mas não lhe damos o devido valor.
Mulher é um ser sensível:
emociona-se,
apaixona-se,
ama, sente, chora…
Há acontecimentos que a machucam,
não porque são frágeis, mas porque sentem.
Você não é obrigada a nada!
Mães, profissionais, esposas, adolescentes, meninas, amigas…
Eu sou mulher.
Sei que devemos lutar pela nossa felicidade
e que, se nossa luta incomoda,
estamos no caminho certo
Mulher,
você é extraordinária
só precisa conquistar o seu lugar e mostrar o seu valor.
Nossa voz é mudança!
Merecemos o nosso destaque
e está na hora de descobrirem,
que somos iguais.
Kimberly Lopes Galvão César (aluna da 1ª série do ensino médio)
Um sopro
Um momento feliz passa
rápido, assim como a vida.
Pessoas se vão como um
sopro de ar que sai pela
boca de uma criança ao assoprar
as velinhas de seu bolo.
Curto e rápido, não é possível
nem ver, assim como você, que
de um dia para o outro partiu.
Por uma causa tão inesperada,
você se foi.
Tão pequenina te perdi,
ficamos todos desolados.
Doeu muito, mas o que ficou
é a saudade. Os momentos bons,
as memórias… Mas logo vem o presente,
que vai passar como um sopro, e tudo irá
começar novamente, sempre iniciando
e acabando, como o ciclo da vida.
Um sopro.
Manuela Fernandes Carreño (aluna da 1ª série do ensino médio)
Morte
Antes de dormir,
Sonhadores criam histórias impossíveis
De amores irreais
E com finais felizes.
Hipócritas e falsos.
Eu crio começos
E meios
Felizes.
No final, há uma deliciosa tragédia,
A qual me atormenta,
A qual não queria ter pensado,
A qual ficou em meus mais profundos pensamentos.
Ela se transformou em medo
Um profundo medo.
Que, agora, sei que deveria ter feito como os hipócritas
E mentido para mim mesma
O fim da doce história é a morte.
Louise Cavalcante (aluna da 1ª série do ensino médio)
Pandemia + Cientistas: cuidado e proteção
Neste momento de pandemia,
não tivemos muita alegria.
Mas os cientistas não podiam desanimar,
pois tinham pouco tempo para a cura encontrar.
A cura seria uma vacina capaz de imunizar,
mas tiveram pouco tempo para fabricar.
As vacinas aos poucos estão chegando,
e a população mais velha está tomando.
Devemos ter esperança,
pois um mundo melhor há para vir.
Agradecemos aos cientistas trabalhadores,
que lutaram para o mundo todo voltar a sorrir.
Vitória Pedriali Dias (aluna do 5º ano do ensino fundamental)
Vacina sim!
Para todos terem proteção,
é preciso esforço e dedicação.
E, para termos um raio de esperança,
é preciso muita confiança.
E, para uma vacina chegar,
é preciso um cientista trabalhar.
São mais de sete bilhões de pessoas neste mundão,
e cada médico tem amor no coração.
E toda vacina é
feita por um cientista.
Então, não saia de casa.
E, se for sair, use máscara!
Pedro Vergatti Hulgado Silva (aluno do 5º ano do ensino fundamental)
Fim
E lá se vai o tempo
Escorrendo por meus dedos gelados
Se desfazendo em pensamentos amargurados
Misturando-se com todos meus lamentos
O relógio já não está girando
Os ponteiros estão perdidos
Minutos e horas não fazem mais sentido
É a sensação horrível da vida acabando
Os batimentos se cessam
O calor cai
O brilho se vai
E as janelas se fecham
Juras de amor eu fiz
Prometi morrer por ti
Agora minha pele branca como giz
É a consequência de não ter vivido por mim
Sua voz fraca no ouvido de quem eu mesma matei
As mãos quentes e trêmulas segurando o corpo
As lágrimas banhando o rosto de pouco em pouco
Enquanto eu observo o brilho se desfazendo embebedado na dor que não suportei
Em mil pedaços me desfiz
Para curar a dor que não me pertencia
Virei receptáculo infeliz
Vivendo em uma distorcida utopia
Mariana de Souza Ferreira (aluna da 3ª série do ensino médio)
Para Ellie
Caminho pelo vale
Na escuridão da morte
Que a indecisão promove
Crescendo mais forte
Meu vício alerta
Sigo com sorte
Sobre as podres lápides
Que meu passado enterrou
Pois fui condenado
Por não lamber as feridas
Que sangram em minha boca
Caminho pelo vale
Na escuridão da morte
Donde nem a velha estrela
Ousou chamejar
Já não lembro o que buscava
Só sei que busco incessantemente
Pelo macabro vale
Onde já fui feliz
Thiago Gill Escudero (aluno da 3ª série do ensino médio)
Vacina da covid-19
A vacina criada com o cuidado do cientista,
com dedicação, esforço, confiança e proteção,
a segurança para cuidar das nossas vidas,
a confiança, a descoberta da esperança.
A vacina feita com amor,
faça frio ou faça calor,
o cientista sempre vai estar lá,
com esperança que um dia vai acabar.
O médico está sempre a trabalhar
na linha de frente do corona,
para salvar muitas vidas,
obrigado médicos e cientistas.
Lucas Barbosa Teixeira (aluno do 5º ano do ensino fundamental)
O inverno
Quando o inverno chegou,
pensei que não fosse aguentar
o enervamento dos olhos que me levam
o levante da alma que me encerra.
Quando o inverno chegou,
pensei que não fosse aguentar
o arrepio que me falta
do toque longe-datas perdido.
Quando o inverno arrebentou
os vidros das janelas dos meus olhos,
pensei que o aprisionamento da alma
arrebentaria os arrebatos dos meus versos.
Quando, na contramão de mim,
abri as janelas dos medos das mãos,
o inverno me presenteou flores de pitanga:
vieram ventando meus tempos,
amaciando-me o chão da alma.
Pedro Ivo Dias Secco (professor de Literatura no ensino médio)
Quando tudo começou
Quando tudo começou, você não imaginava que seria assim.
Assim, tão longe.
Assim, tão distante.
Assim, tão difícil.
Nem assim, tão rápido.
Você não imaginou que teria altos e baixos.
Não imaginou que iria ter momentos de muita alegria
e outros de profunda tristeza.
Você até imaginou que teria mais tempo de sentar-se no sofá.
Mas que ilusão!
Você até pensou em colocar o sono em dia e, finalmente, ler aqueles livros que comprou há dois anos.
Mal sabia que teria noites em claro.
E entendeu que nem todos os livros são boas companhias para todos os momentos.
Você sabia que sentiria saudade, mas só hoje, depois que tanto já passou, é que sabe o que lhe falta.
Você sabia que a ciência tinha lá sua importância,
mas nem imaginava que, hoje, ela se tornaria o centro das atenções.
Quando tudo começou, você tentou modificar algumas coisas.
Primeiro foi o vaso. Depois o tapete.
Comprou um quadro, um espelho.
Quebrou um muro, ou dois.
Depois modificou seu interior.
Ou tentou.
Fez uma prece.
Acendeu um incenso.
Buscou meditar.
Por um momento, pensou que, finalmente, tinha se encontrado.
Mas não imaginava que até seu espírito seria roubado por tantos pensamentos.
Olhou a vida dos outros,
pois teve mais tempo para isso.
Inspirou-se no que gostou.
Desejou tanto.
Desejou tudo.
Julgou como um juiz impiedoso.
E depois, deixou passar, porque viu que nada mais fazia diferença.
Ou fazia?
Você não sabia que iria dar tantos cliques, nem tantos soluços.
Não sabia o trabalho que dá limpar um chão, ou tantas lágrimas.
Você sabia o valor que as coisas tinham.
E hoje, consegue ver que nem precisa de tantas coisas.
Você amou mais.
E odiou mais.
Ah, como odiou!
Odiou o barulho, o papel, o vizinho.
Odiou o político, o irmão, a rede, a máscara.
Amou o tempero, mas odiou o preparo.
Você não sabia plantar. E plantou.
Você não sabia o que iria colher.
Já colheu?
E você teve medo.
Passou?
Quando é que ele não te visitou?
Quando tudo começou você não sabia aonde iria chegar.
Mas quando é que você soube?
Quando tudo começou, você não sabia que estaria aqui, hoje, exatamente como está.
Mas, como você está?
Lá, no começo, quem era você?
E hoje, quem você é?
Ariane Martins Campos (professora de Língua Portuguesa e Produção Textual no ensino fundamental II)
A vida passa
Por pontes, túneis, corredores, passa
cidade concreto, aqui tudo passa.
Passa senhor, o farol abriu.
Passa cachorro, o sinal fechou.
Passa bêbado, a pinga acabou.
Passa mendigo, o presidente chegou.
Aqui, tudo passa.
Embaixo das pontes, tudo é passado.
Aquela criança que chora de fome
já é passado na ponte adiante
e o carro que corre pela marginal
é de um futuro tão distante.
A vida passa.
O poeta passa pela cidade concreto
e escreve a chorar esses versos de desespero.
Mas nem o poeta a cidade perdoa:
“passa poeta, passa”.
O caixão abriu
o homem pulou
o poeta morreu
o cachorro latiu.
Não importa. É passado. Tudo passa.
Carlos Eduardo Malaguti Camacho (professor de História e Atualidades no ensino médio)
O básico do complicado
A Lua ainda pergunta sobre ti e o porquê
De lágrimas espessas sob minha face
Que caem como ácido
Dando o alívio profundo
De uma dor que soa como um sussurro
Que não passa independente do tempo
Ou de outras lágrimas acima dessas
Marcella Chofakian Vendramim (aluna da 2ª série do ensino médio)