Diz a sabedoria popular que a última aula só termina quando a nossa luz se apaga ou, para quem acredita, quando vamos ser luz na eternidade.
Dito de outra maneira, a gente aprende até morrer.
E é sobre aprendizados da vida que vamos conversar.
Para contextualizar, um pouco de memória.
Em 2012, ousei querer herdar de minha mãe sua inesgotável fonte de água. Ficava pendurada na parede e media minúsculos 12 centímetros, mas era gigante aos meus olhos.
Uma “minipia” de água benta que nunca secava, num gesto invisível que nos inundava de fé…
Feito o bolo que chega à mesa depois de muita maestria e alquimia.
Parecido com a mudinha que vinga de um galho arrancado.
Cheiro de casa limpa e roupa de cama lavada.
A travessia dos que nunca se atrasam.
Boletim que chega sem nota vermelha.
Cachorros vibrando com sua chegada.
O indizível da pia sempre limpa.
A experiência de ser perdoada.
O convite despretensioso para passear com as amigas.
A visita surpresa de um parente querido.
Um telefonema inesperado de alguém distante.
A espontaneidade dos braços de um bebê querendo seu colo.
A alegria de falar sim, todo dia, para seguir jurando amor.
Tudo isso, e muito mais, é expressão de nosso empenho e de nossas opções cotidianas.
A vida, tomada como um pote de água benta, também é assim. Há de se cuidar!
É cuidando todo dia, nutrindo de convicções e gestos tudo o que nos é valor que vamos ter sempre nosso pote mágico sempre cheio.
Que saibamos cuidar do pote de água benta que é nossa vida.
Eu já aprendi, demorou, mas aprendi: água benta evapora.
E você, já colocou água benta no pote hoje?
Maria José Brant (Deka), assistente social, analista de políticas públicas na Prefeitura de Belo Horizonte, mestra em Gestão Social, mosaicista nas horas vagas.