Águas de fevereiro: a raiz do problema

Nosso país ficou bastante chocado com o alto volume e a intensidade das chuvas que ocorreram na Região Sudeste, nos dois primeiros meses de 2020. Somente em Minas Gerais, 196 municípios decretaram emergência em consequência das chuvas, mais de 8 mil pessoas ficaram desabrigadas e houve 55 mortes.

Muitas pessoas questionam as razões de tanta chuva. Cientistas não hesitam em apontar o aquecimento global como uma das causas. De acordo com Gilvan Sampaio, doutor e mestre em Meteorologia pelo INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), com a elevação da temperatura global, há um aumento de evaporação na atmosfera, com isso as nuvens aumentam e as chuvas tornam-se mais intensas. O pesquisador ressalta ainda que as emissões de gases de efeito estufa do outro lado do mundo podem causar impactos em qualquer outro lugar. A cientista brasileira Márcia Zilli fala dos efeitos e aponta para o surgimento de um novo padrão climático. As chuvas fortes estão acontecendo com mais frequência do que antes e há um período de seca mais extenso entre as chuvas.

Belo Horizonte – Foto: Mariela Guimarães / O Tempo

Apesar do impacto direto sobre a vida de inúmeras pessoas em todo o mundo, as ações de combate ao aquecimento global caminham a passos lentos. Em 2015, na COP 21, líderes mundiais ou seus representantes assinaram um pacto de combate global às mudanças climáticas. No entanto, em 9 de fevereiro deste ano, expirou o prazo simbólico para que esses Estados apresentassem às Nações Unidas suas contribuições determinadas nacionalmente (CDN) para fortalecer o conjunto de medidas de combate às mudanças climáticas. Apenas o Suriname, as Ilhas Marshall e a Noruega apresentaram planos climáticos atualizados.

Entendemos a raiva da jovem Greta Thunberg ao confrontar os líderes mundiais e apontar a destruição de nossa Casa Comum. Mais do que nunca, é necessária e urgente uma atitude de conversão, conforme salienta o documento final do Sínodo da Amazônia.

Que nesta Quaresma também nós possamos fazer um sincero exame de consciência a fim identificar a coparticipação pessoal na destruição do planeta e buscar uma conversão ativa que revitalize as relações socioambientais e garanta o futuro das gerações que nos sucedem.

Ir. Stela Maris Martins, SSpS
Membro da Redes – Rede de Solidariedade

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