O trabalho social é um dos valores mais importantes da missão das Irmãs Missionárias Servas do Espírito Santo, que abriram uma comunidade na cidade de Abreulândia, em Palmas – TO, para ajudar a comunidade local.
Por muitos anos, Irmã Sílvia Tekla Wewering, que vive nesta comunidade, vem trabalhando com projetos educacionais na aldeia Recanto Krite onde mora a tribo indígena Akwe Xerente, localizada nas reservas do município de Tocantínia, a 70 km de Palmas.
A REDES – Rede de Solidariedade – entidade social das Irmãs Missionárias Servas do Espírito, desenvolveu um material educativo para as crianças da aldeia serem alfabetizadas. O que antes era uma apostila simples, feita em cópias preto em branco com desenhos a mão, hoje se transformou em um belo livro colorido com ilustrações próprias.
O material novo trouxe um ar de entusiasmo aos alunos e professores, que ficaram muito felizes em receber o novo livro para aprender. A Cartilha, que é feita na língua mãe Akwe Xerente, é usada para a alfabetização da tribo com o objetivo de manter viva suas origens e história.
O processo da distribuição das cartilhas Xerente foi realizado em agosto de 2016 nas escolas, e durou em torno de 2 a 3 meses. Foram alcançadas 33 escolas, mais de 50 professores/professoras, com mais de 1.000 alunos. A entrega foi acompanhada por uma orientação pedagógica em cada local.
“A aceitação das novas cartilhas, por parte de todos nas diversas Aldeias, não poderia ter sido melhor, acima do esperado. Em cada aldeia tivemos uma acolhida sincera e conversa amiga. Toda a comunidade Xerente, portanto, agradece à REDES e a Congregação das Missionárias Servas do Espírito Santo pela valiosa colaboração à “causa indígena”. Todos sabemos da importância em conservar a própria língua, que constitui a base na vida cultural religiosa de um povo e é indispensável para continuar a viver sua identidade como pessoa e como povo.” – declarou Irmã Sílvia, expressando sua satisfação pelo desenvolvimento deste trabalho.
Ao final do trabalho, os professores/professoras das escolas Xerentes escreveram uma carta em agradecimento:
“A Deus, nosso Pai Grande que chamamos de Waptokwazawre e a todos os que colaboraram na correção dessa cartilha do nosso povo Akwê Xerente.
E a chegada de nossas cartilhas e alfabetização em Xerente, para concretizar de saberes no nosso povo Akwê Xerente, principalmente as nossas crianças para que eles possam aprender a ler e escrever a escrito na nossa língua materna.
Nós, professores indígenas, da correção da nossa cartilha do povo Akwê Xerente, Manoel Sirnãrê, Armando Sópre, Genail, Nelson Prase, é que estamos levando as cartilhas para cada as escolas indígenas do povo Akwê Xerente, juntamente com a Sílvia Thêkla Wewering Sibakadi.
Quero Agradecer a Deus, Pai Grande, que chamamos de Waptokwazawre, a todos que colaboraram como na correção e na parte das pinturas dos desenhos e na gráfica.
Para a REDES, quero agradecer também a Deus, Pai Grande, que chamamos de Waptokwazawre, que ajudou a parte da correção da artilha do povo Akwê Xerente.
Obrigado!” – Manoel Sirnãrê
Conhecendo os Xerentes
Os Xerentes, junto com os Xavantes e Xakriabá, são classificados como Jê Centrais, e se localizam no munícipio de Tocantins (TO), cerca de 70 km ao norte da capital, Palmas. Em um senso feito no ano de 1999, a população Xerente era de 1.850 indivíduos, espalhados por 34 aldeias e em 2 cidades.
Os Xerentes se dividem em dois grupos, os Isake e os Dohi. O primeiro é subdividido nos clãs wahire, krozake e krãiprehi e o segundo nos clãs kuzâ, kbazi e krito. A pintura corporal também é diferenciada, enquanto os primeiros usam os traços, os segundos utilizam círculos.
A terra é a fonte de vida e sustento dos Xerentes, as atividades mais praticadas por eles são: agricultura, pesca, caça e coleta. Pelas grandes dificuldades enfrentadas atualmente, como falta de caça e pesca, os Xerentes tem buscado uma fonte de renda na venda de artesanatos (cestarias, bordunas, arcos, flechas, colares, etc.).
O Xerente já passou por vários tipos de experiências educacionais, a catequese é uma delas. A educação bilíngue foi ensinada por missionários a partir da década de 50. O ensino formal nas aldeias, que hoje tem aproximadamente 30 professores, restringe-se apenas até a 4ª série, por questão de locomoção ou até mesmo de adaptação as exigências das escolas não-indígenas.