Sobre a maternidade, há tanto a dizer que mil e uma noites não seriam suficientes.
Estamos diante do fato que mais reafirma nossa fé no Divino e maravilhoso.
Aquele minuto do rebento que pega de surpresa até aqueles que não creem.
Há maternidade que é concebida no ato da adoção, na decisão de acolher para sempre.
Um lugar idealizado e socialmente construído.
Uma (des)construção permanente se faz necessária.
E quando você menos percebe, a maternidade a coloca diante de uma aula que não se acaba, um aprendizado sem fim.
De minha experiência como filha, entre tantas, trago a lembrança de minha mãe servindo licor de jabuticaba caseiro a dona Maria, uma negra que transitava nas ruas pedindo ajuda de porta em porta.
Dos idos dos anos 1970, também trago a dor da cena partilhada com minha mãe, na esquina de nossa rua, lamentando a belo-horizontina Serra do Curral ardendo em chamas.
De minha experiência como mãe, trago um bordão muito particular: exaustão e êxtase.
Um girar da exaustiva roda da vida que não pode parar e que tem uma química própria que nos impele à reinvenção cotidiana e a um aprendizado infinito.
Um processo de retroalimentação incansável e que se nutre de cenas e conquistas corriqueiras e extasiantes as quais renovam nossas forças.
A maternidade inaugura a vida de outra pessoa. A força dessa criação é um mistério que vai nos acompanhar.
Para seguir falando da maternidade, trago um provérbio africano que diz que, para educar uma criança, é preciso uma aldeia.
A função materna educadora e personificada na redentora e solitária figura da mãe dá lugar à ação educativa da aldeia.
Muitas mãos e muitas mães ajudando a tecer o fio da vida…
Uma lição que não se acaba, nunca!
Uma lição que começa a cada criança que nasce.
Maria José Brant (Deka), assistente social, analista de políticas públicas na Prefeitura de Belo Horizonte-MG, mestra em Gestão Social, mosaicista nas horas vagas.