Sempre haverá um grito a ser escutado. Em contraponto ao “Grito da Independência”, desde 1995, ecoa o “Grito dos Excluídos”. Um grito que é fruto de um processo, de uma articulação de muitas pessoas e movimentos, de muita mística e simbolismo, marcado pela proximidade do cotidiano de quem vivencia as lutas populares. É a tentativa de superar um patriotismo passivo e dar lugar a uma cidadania ativa
Desde sempre, foi assim: questionando os padrões de independência do povo brasileiro e sonhando com um Brasil mais justo para todos os cidadãos e cidadãs.
Um passeio pelos lemas e temáticas dos Gritos dos Excluídos e Excluídas é uma aula de História contada à base de uma participação ampla, aberta e plural. Não é um evento isolado, mas a culminância de um processo de discussões coletivas.
1995 – A vida em primeiro lugar
1996 – Trabalho e terra para viver
1997 – Queremos justiça e dignidade
1998 – Aqui é o meu país
1999 – Brasil: um filho teu não foge à luta
2000 – Progresso e vida, Pátria sem dívida$
2001 – Por amor a essa Pátria Brasil
2002 – Soberania não se negocia
2003 – Tirem as mãos… O Brasil é nosso chão
2004 – Brasil: mudança pra valer o povo faz acontecer
2005 – Brasil: em nossas mãos a mudança
2006 – Brasil: na força da indignação, sementes de transformação
2007 – Isto não Vale! Queremos participação no destino da Nação
2008 – Direitos e participação popular
2009 – A força da transformação está na organização popular
2010 – Onde estão nossos direitos? Vamos às ruas para construir um projeto popular
2011 – Pela vida grita a TERRA… Por direitos, todos nós!
2012 – Queremos um Estado a serviço da Nação, que garanta direitos a toda população!
2013 – Juventude que ousa lutar constrói o projeto popular
2014 – Ocupar ruas e praças por liberdade e direitos
2015 – Que país é este, que mata gente, que a mídia mente e nos consome?
2016 – Este sistema é insuportável. Exclui, degrada, mata!
2017 – Por direitos e democracia, a luta é todo dia
2018 – Desigualdade gera violência: basta de privilégios!
2019 – Este sistema não Vale! Lutamos por justiça, direitos e liberdade
2020 – Basta de miséria, preconceito e repressão!
E, em 2021, “Vida em primeiro lugar! Na luta por participação popular, saúde, comida, moradia, trabalho e renda já!”
Como podem ver, ir para as ruas em Sete de Setembro, desde muito tempo, faz parte da agenda transformadora dos que desejam, permanentemente, avanços, conquistas e justiça social.
Feita uma “metodologia do arco e flecha”, cada “Grito” tem a força de uma construção coletiva.
Duas pontas unidas por uma linha, a qual é flexionada para trás por uma haste longa e fina, com uma seta na ponta que, ao ser solta, projeta-se adiante e revela nossa energia potencial.
Olhar o que passou, analisar o vivido e prospectar, foi assim que capturei a metodologia desse movimento que há 27 anos denuncia, anuncia e busca trazer ânimo diante dos desafios de cenários de adversidades, conquistas e retrocessos.
Olhando para o alto e adiante, trazendo a flecha para trás para acolher a força do vivido, a trajetória desse movimento passa pela cabeça e pelo coração, busca forças e se projeta com vistas à conquista dos avanços pretendidos.
Arco e flecha para o Sete de Setembro… Porque é tempo de nos armar de cidadania!
Maria José Brant (Deka), assistente social, analista de políticas públicas na Prefeitura de Belo Horizonte-MG, mestra em Gestão Social, mosaicista nas horas vagas.