“Cada um de nós deve esforçar-se para amar verdadeiramente o Espírito Santo de todo o coração e trabalhar na promoção de sua glória. Quanto mais o missionário fizer isso tanto mais o grande doador das graças, o Espírito Santo de Deus, abençoará seu trabalho” (Santo Arnaldo Janssen).
As solenidades de Pentecostes e da Santíssima Trindade, respectivamente denominadas como festa titular e festa principal de nossa Congregação, têm a recomendação de que sejam celebradas com grande ênfase. Como herança de nossa geração fundante, no mundo inteiro, nós, missionárias servas do Espírito Santo, cultivamos a espiritualidade trinitária, com ênfase no Espírito Santo, vínculo de amor e sinal da unidade entre o Pai e o Filho. Em razão disso, ao aproximarem-se dessas datas, nossas comunidades se enchem de uma profunda alegria com os preparativos para bem celebrar essas festas.
Nesta semana, enquanto justamente ajudava na ornamentação de nosso colégio com as chamas de Pentecostes, um aluno (novo no colégio) perguntou-me: “Irmã, por que você está enchendo a escola com esses foguinhos?”. Felizmente nem precisei responder, porque o coleguinha que estava ao lado, sendo um aluno que está conosco há mais tempo, respondeu, dizendo que era porque estávamos na semana de Pentecostes, e continuaram conversando sobre o assunto. Esse pequeno aluno, ao explicar ao outro, transmitia um sentido de pertença. O Espírito Santo é como esse movimento, um coração transmite ao outro, e assim “Nele vivemos, nos movemos e existimos” (At 17,28).
Nossas constituições caracterizam Pentecostes como “consumação do mistério pascal, em que, pelo envio do Espírito Santo, a Igreja manifestou-se ao mundo pelo testemunho dos apóstolos”. Nas comunidades de missão onde estamos inseridas, empenhamo-nos ao máximo para quem estiver conosco possa também reconhecer a grandiosidade do amor e da presença do Espírito Santo em nossa vida.
Quando retomamos a caminhada e o crescimento espiritual de nosso fundador Santo Arnaldo Janssen, vemos que Ele tinha uma grande preocupação: muitos ainda não conheciam o Espírito Santo. Isso o angustiava. Por isso recomendou às três congregações fundadas por ele que, na missão, fossem fiéis à devoção ao Espírito Santo e nada fazer sem antes o consultar. Ele, o Espírito Santo, é o dinamizador da missão, que constantemente atualiza em nós as moções e os apelos às necessidades que surgem no mundo.
No primeiro Pentecostes, o Espírito Santo fez com que caíssem as barreiras da comunicação, permitindo que os apóstolos se comunicassem de maneiras diferentes, com uma linguagem que todos pudessem entender. Uma linguagem acessível, que aproxima, atrai e faz acontecer uma sinodalidade, um caminhar junto, como partícipes de um mesmo mistério de amor.
Para nós, o desafio continua o mesmo: manter viva a transmissão da espiritualidade. Espiritualidade aqui quer significar aquela orientação fundamental de uma pessoa diante da realidade global, ou seja, de Deus e da humanidade.
A espiritualidade trinitária, à qual me referi no início, é centrada no relacionamento entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Nela, encontramos o modelo de comunidade e de sociedade que somos chamadas a construir a partir do diálogo, da partilha, da comunhão. Assim, uma semana depois de Pentecostes, temos a Solenidade da Santíssima Trindade, chave central da nossa espiritualidade e razão de nosso carisma missionário: “Tornar Deus Uno e Trino conhecido, amado e glorificado por todas as pessoas!”.
Viver o amor e a comunhão trinitária é cuidar para que todos os seres humanos possam viver com dignidade e com seus direitos respeitados, de acordo com a vontade de Deus. “Quanto mais venerarmos o Espírito Santo, mais seremos dignos de sua graça” (Santo Arnaldo Janssen).
Irmã Roselene Ventura de Oliveira, SSpS
Professora no Colégio Espírito Santo, Canoas-RS.