O Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza (17 de outubro), instituído pela Organização das Nações Unidas, coloca em foco a necessidade de nosso próximo e incentiva ações que minimizem essa situação. A fome e a cultura do descarte impactam especialmente a população excluída, gerando modos de vida precários. Para enfrentar essa realidade, um grupo de voluntários do Colégio Espírito Santo (CES), de Canoas-RS, pratica ações solidárias com os mais desfavorecidos da sociedade, no Município localizado na Região Metropolitana de Porto Alegre.
Se a situação de pobreza causa desprezo e desumanização, a omissão e o fechar de olhos para todo aquele que está à margem da sociedade reforça a desigualdade e o preconceito. Quanto mais pobre, mais difícil é. E, nessa situação de dor e sofrimento, a poluição e as enfermidades são inerentes.
Diante de tantos gritos silenciosos de socorro que ecoam em regiões socialmente vulneráveis e em pontos centrais de Canoas, foi criado um projeto solidário em 17 de agosto de 2021, a partir da motivação da comunidade escolar em apoiar a missão das irmãs missionárias servas do Espírito Santo (SSpS) na minimização da fome. Trata-se do grupo denominado “CES Mãos em Ação”, coordenado por Sérgio Velasques Garcia, funcionário da escola mantida pelas SSpS.
Em Canoas, a atuação missionária se dá especialmente por meio da educação, mas, como congregação, temos um campo bem vasto e amplo de missão no mundo. O carisma missionário das SSpS chama mulheres de diferentes países e culturas, escolhidas como instrumento do Espírito Santo, para servir no anúncio do Evangelho.
Ainda que o projeto “CES Mãos em Ação” ocorra e se mantenha em nosso campo de missão educacional, o protagonismo é dos leigos. Tudo é mantido por doações. Os motoristas de transporte escolar, por exemplo, oferecem seus meios de trabalho para o deslocamento daqueles que deixam suas casas e afazeres para entregar as marmitas nas ruas da cidade. Há também os que promovem as campanhas de arrecadação e, claro, os que doam, organizam e preparam toda a comida que será entregue. Ao todo, o grupo distribui, em média, 150 pratos em cada ação, além de, esporadicamente, roupas, calçados, cobertores, produtos de higiene pessoal, medicamentos e ração para os animais.
Além disso, destaco a participação e a voz ativa dos alunos que fazem parte do projeto e são liderança no grupo. É claro que o CES tem muitos projetos que envolvem toda a comunidade escolar em campanhas solidárias, mas a oportunidade de fazer o bem para outras pessoas foi ampliada desde a criação desse grupo. Nas tarefas de responsabilidade social da gincana, os estudantes doam, com generosidade, alimentos, agasalhos e outros itens aos que precisam. Em diferentes festas e feriados, como a Páscoa, Natal e Dia das Crianças, o chamado aos alunos é para arrecadar doces e brinquedos.
Logo, os voluntários, cheios de carinho e alegria, promovem momentos especiais como brincadeiras e lanches pré-agendados em locais previstos. Geralmente isso ocorre na Vila Tabaí e no Centro Educacional Madre Josefa, que também é gerenciado pelas SSpS, localizado no bairro Fátima, de perfil 100% beneficente, atendendo as crianças da educação infantil.
Os voluntários também oferecem carinho às pessoas em situação de rua, pois têm consciência do valor e da dignidade que todos têm como seres humanos, e de que parte importante da missão também é levar o amor, uma contribuição capaz de aliviar um pouco do sofrimento, favorecendo também a fraternidade humana. Muitos dos integrantes do grupo afirmam sentir muita gratidão pelo trabalho que realizam. Eles buscam conscientizar para a importância dessa causa nobre e urgente, gerando, quem sabe, até futuros agentes de transformação e semeadores de esperança.
Do outro lado dessa ação, Daniele Silva dos Santos, moradora da Vila Tabaí, testemunha que está muito feliz com tudo o que recebe do grupo. Ela conta que, trabalhando com reciclagem, complementa a renda para sustento dos filhos e dos animais que possui.
Aprender, portanto, a dar, partilhar e renunciar ao consumismo, sem se esquecer dos mais pobres, pode e deve caminhar em conjunto com a educação. A espiritualidade trinitária das irmãs SSpS é centrada no relacionamento entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Nela, encontramos o modelo de comunidade e de sociedade a que somos chamadas a construir com base no diálogo, na partilha e na comunhão. Olhando para o jeito de ser da Santíssima Trindade, somos encorajadas a empenhar todas as nossas forças para que, no mundo, todos os seres humanos possam viver com dignidade e com seus direitos respeitados, de acordo com a vontade de Deus, de colocarmo-nos, com a força transformadora do amor, em favor da vida, especialmente onde ela se encontra mais ameaçada.
Veja o vídeo:
Irmã Patricia Zeponi, SSpS
Missionária atuando na comunidade do Colégio Espírito Santo, em Canoas-RS.