Todo mundo já ouviu falar ou praticou atos de caridade. Ela se refere a um jeito de manifestar amor, compaixão, bem-querer por alguém que está em estado de necessidade. A caridade é um impulso que leva as pessoas a praticarem o bem, dando algo de si ou alguma coisa para diminuir o sofrimento alheio.
Pode haver várias motivações para atos de caridade. Em muitos casos, é por motivação religiosa, como expressão de sua crença posta em prática. A caridade, para ser expressão religiosa verdadeira, deve nascer de um coração desprendido, que faz o bem sem segundas intenções. Há outras vezes em que a “caridade” esconde interesses mesquinhos, como busca disfarçada de algo para si. Como se diz, “dá só para aparecer e vangloriar-se depois” ou para aliviar a consciência de injustiças que praticou. Gestos assim de caridade são caricaturas e não caridade no sentido original, que é solidariedade desprendida de segundas intenções, interesse pelo bem do outro, sem esperar vantagens para si.
São Paulo tem um “hino” à caridade (1Cor 13,1-13), em que descreve seu significado em seus diferentes aspectos. Para São Paulo, caridade se confunde com o amor. Afirma que, mesmo que falasse a língua dos homens e dos anjos, se não tivesse a caridade, seria como bronze que soa… Ainda que entregasse o corpo para ser queimado, se não tivesse caridade, de nada se aproveitaria… A caridade é paciente, não é arrogante, não é falsa, se alegra com o bem do outro, nutre desejo de servir, desperta esperança, se apoia na justiça, defende a verdade. Tudo passa, mas a caridade permanece. A caridade é fonte de inspiração contínua na missão da Igreja. A marca cristã é a prática da caridade. No fundo, a verdadeira caridade é dom de Deus, porque leva a pessoa a agir como Cristo fez. É em sua imitação que a verdadeira caridade transparece.
A caridade não é prática exclusiva dos cristãos, também ateus a praticam, porque neles também há o germe do amor de Deus escondido em seus corações, mesmo que não o reconheçam. A caridade expressa o lado bom do coração humano, que é capaz de se solidarizar e ter compaixão.
Caridade não pode ser confundida com atitudes arrogantes, prepotentes, porque ela, por natureza, é humilde e nela transparece a generosidade compassiva. A caridade se manifesta em gestos concretos. Podem ser pequenos, mas sempre carregados de amor. A caridade é acolher a dor do outro, procurando aliviá-la com partilha de bens ou gestos de proximidade e acolhimento. É também aceitar as limitações e maldades do outro sem revidar ou desejar-lhe o mal. Caridade é também cruz que carrega no coração o mal sofrido sem alimentar ódio ou desejo de vingança. Porque ela preza pela paz e promove a justiça e a concórdia.
A caridade está entre os gestos humanos mais elevados. Ela gera alegria e bem-estar a quem a pratica. A caridade foi a marca de todos os santos, ela é um caminho para a santidade. Ela combate o egoísmo e torna melhores as pessoas, mais verdadeiramente humanas. Aguça a sensibilidade e desperta nos outros desejos de imitar. Na caridade brilha o amor de Deus em nós! Dê sentido à vida, praticando a caridade!
Pe. Deolino Pedro Baldissera, SDS