Uma das prioridades da Rede de Educação é, sem dúvida alguma, o cuidado para com a espiritualidade e a evangelização da comunidade escolar. Tal anseio motivou a equipe missionária a continuar as atividades em plena pandemia. Evidentemente, o meio utilizado é o virtual, por meio dos recursos tecnológicos educacionais disponível a docentes e discentes.
À primeira vista, para quem acredita na força da interação pessoal para a transmissão da fé e que o testemunho é imprescindível para a evangelização, a exemplo das antigas comunidades cristãs, algumas objeções não seriam fáceis de superar. Uma catequese on-line teria efeito? O que pensariam os alunos? E os pais?
De fato, a catequese tem sua origem nas primeiras comunidades cristãs. A palavra “catequese” significa explicação oral e sistemática dos mistérios da fé. Nesses pequenos grupos, a exemplo dos primeiros cristãos, os estudantes partilham suas vidas e celebram suas crenças e aspirações em comunhão com a Igreja.
A preparação para a primeira Eucaristia tem como objetivo uma formação na fé, com impacto positivo para a vida da criança, da família e da sociedade. A catequese possibilita o amadurecimento e experiência da criança e do adolescente na fé. Além disso, há o grupo da Infância Missionária e da Perseverança, com o objetivo de manter o espaço de encontro para os que já receberam os sacramentos. Os grupos são estimulados a participar de projetos de voluntariado, inclusive em outras instituições.
Logo após a interrupção das atividades presenciais, alguns alunos já entraram em contato por meio do Google Classroom, para saber se continuaríamos as atividades missionárias e de catequese. Com efeito, após um debate na própria equipe missionária do Colégio Espírito Santo, em São Paulo-SP, foi decidido implantar encontros quinzenais e uma experiência de espiritualidade para os grupos. A atividade foi aberta à participação das famílias, pois a Igreja afirma que a família é o berço da fé. Os pais são os primeiros catequistas. A escola abriu então a possibilidade de os pais ou responsáveis participarem junto com os filhos na caminhada da Igreja em família.
Mesmo no período da quarentena, os grupos foram mantidos por meio dos recursos tecnológicos disponíveis aos alunos, especialmente o Google Suíte. Os encontros têm momentos dinâmicos, com metodologia ativa, com partes expositivas, momentos de partilha e escuta dos alunos, trechos de vídeos, confecções artísticas, momentos de oração, dramatização, leituras bíblicas, atividades dinâmicas que movimentam o corpo e muita música.
Os comentários de gratidão tanto por parte dos alunos quanto dos familiares, que assistem e participam dos encontros na telinha, fizeram com que a equipe alterasse a frequência dos encontros, agora semanais. A frequência dos convidados é impecável, inclusive porque foi aberta a possibilidade de dois horários facultativos.
Para um educador-missionário, não tem preço ver crianças e adultos com olhinhos brilhando e experimentando a aquela paz de Cristo que provém de encontros com o Transcendente. Dessa forma, famílias, estudantes e educadores aprimoram sua espiritualidade.
Professor Marcos Melo é doutor em História da Filosofia pela Unicamp, mestre em Literatura pela USP e mestre em Teologia pela PUC-SP. No Colégio Espírito Santo, contribui na equipe missionária e leciona para os ensinos fundamental e médio.