Celebrar a Páscoa da esperança…

Estamos em clima pascal que move o coração dos cristãos para as esperanças emanadas do Ressuscitado. Celebramos o grande mistério da Paixão, Morte e Ressurreição daquele que desceu do alto para habitar em nosso chão. Entrar nesse mistério é encontrar o significado da vida que vivemos e descobrir que ela tem destino eterno.

Todos os anos, fazemos memória desses fatos que marcaram a história há mais de dois mil anos. Desde então, abriu-se o caminho da esperança. Neste ano jubilar, temos uma motivação a mais para celebrá-la sob o lema “Peregrinos de esperança”. Essa esperança nos recorda nosso caminho em direção àquele que inaugurou este tempo novo. Não andamos mais às cegas e desconectados de Deus, mas, sim, ressintonizados com a comunhão eterna. 

Que alegria a Páscoa nos proporciona em nos permitir vivenciar, em nossa fé, esses momentos decisivos vividos por Cristo Jesus! A Páscoa, nossa maior festa cristã, é o momento celebrativo que ativa em nós as melhores esperanças e nos projeta para um futuro cheio de significado. A vida é expressão do amor de Deus a cada um de nós, como obra-prima de suas mãos. A vida é o amor de Deus em nós, por isso ela é preciosa a seus olhos. Por causa dela, Deus Pai enviou seu filho para resgatá-la do fracasso eterno. 

Numa de nossas canções pascais, cantamos “Prova de amor maior não há que doar a vida…”. Essa prova Jesus nos deu, e nós a celebramos na Páscoa. Nossa fé confessa essa verdade porque acreditamos naquele que, sendo Deus, encarnou-se e fez isso por nós, sem merecimento nenhum de nossa parte. Foi pura bondade, misericórdia e amor do Pai por nós, criados por Ele à sua imagem e semelhança.

A Ressurreição é o mistério do amor concretizado e realizado. Quando penso que, dois mil e poucos anos atrás, Deus, na pessoa de Jesus, andou por nossos caminhos, fico extasiado, me perguntando: “Mas como isso é possível?”. Não é dúvida de fé, mas de admiração e contemplação. Quem poderia imaginar isso? 

Os judeus sempre esperaram por um messias, mas que fosse o próprio Deus na pessoa do Filho que se encarnou, isso estava fora das expectativas. Que o messias fosse um grande libertador, forte, guerreiro, que impusesse, pela força, seu domínio estava nos planos do messias esperado. Mas o que veio encabulou a todos, a surpresa de Deus ultrapassou todas as medidas e contingências. Foi difícil acreditar no que viam! Como um filho de origem judaica, filho de uma mãe judia, pudesse ser o Filho de Deus? Todos fomos mergulhados nesse mistério. 

Que Jesus é o Filho de Deus ficou comprovado por seus ensinamentos, seus milagres, por sua Paixão, por sua Morte e principalmente por sua Ressurreição. Diante dos fatos, os argumentos cessam, a realidade se impõe como verdadeira. O mistério que se esconde nesses acontecimentos só Deus sabe decifrá-los, porém Ele nos revelou o suficiente para crermos e pautar nossa vida em sua perspectiva. Ninguém morre sem a marca da ressurreição, que a leva junto para o julgamento final. Diante do Ressuscitado, a vida vivida será posta diante do teste final. Como a Palavra de Deus nos diz: “ovelhas de um lado, cabritos do outro”. Uns para a vida plena; outros para a vida vazia. 

Não será Deus a condenar ninguém. Diante dele, cada um levará a própria sentença prescrita pelo modo como a viveu no seguimento ou não dos ensinamentos e exemplos de Cristo. Diante dele, a vida aparecerá com toda a transparência do jeito como foi vivida. Nela estará “escrito”: “vivida na perspectiva dos méritos e do seguimento de Cristo, na esperança da vida da comunhão plena com Deus” ou “vivida na idolatria do seguir de deuses estranhos que agora não são capazes de salvar”. A escolha se faz agora diante do mistério da Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo. 

Em sua Morte e Ressurreição, Cristo abriu a eternidade para todos; para aqueles que viveram antes de sua vinda e os que viveram e vivem depois de sua vinda. A todos salvou! A graça e os méritos de sua Paixão e Morte abarcam todos os que já nasceram ou vão nascer. Sabemos que a misericórdia de Deus ultrapassa todas as medidas humanas, contudo sua justiça é justa. As escolhas livres que cada um fez/faz diante desse mistério será o pêndulo da balança que aponta para as “ovelhas ou cabritos”. 

Celebrar a Páscoa é celebrar a vida liberta da escravidão do pecado e a vitória sobre a morte. A vida daquele que passou por uma sepultura encontra-se ressurgida e viva diante, primeiro, das testemunhas oculares encarregadas de anunciá-la além das fronteiras da Galileia. Fiéis a essa missão, o anúncio chegou a todos os confins do mundo.

Como professantes dessa fé, celebramos, mais uma vez, com alegria, a festa da Páscoa. FELIZ PÁSCOA desejamos uns aos outros. Cristo vive, Ele é nossa esperança como peregrinos em seu caminho!

 

Padre Deolino Pedro Baldissera, SDS

 

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *