Chamados à missão

Quando eu, Salete, recebi a notícia de que a Igreja do Paraná decidiu convidar-nos para uma missão em um país do grande continente africano, pensei logo: “Mas eu sou tão nada, tão pequena! Como poderei ajudar numa situação tão adversa de nossa realidade aqui vivida, ajudar alguém lá? Essa é uma missão tão grande, é algo tão grandioso, como pode Deus querer se utilizar de mim para essa realidade tão nova e diferente em minha, nossa vida?”.

Mas aí percebi como esse nosso Deus é inesperadamente maravilhoso. Entendi que Ele queria nos conceder a graça de podermos experienciar mais de perto seu amor por nós. Foi então que percebi que Deus me ama muito, antes mesmo de eu nascer, e é o que me dá a certeza de que não estou nem estarei sozinha. Fui escolhida por Deus, na pessoa de nosso bispo, Dom Sérgio Arthur Braschi, para ser missionária além-fronteira do Brasil. E, com alegria, eu me dispus a levar a Boa-Nova àquele povo tão sofrido e necessitado; necessitado em todos os sentidos. Ir e levar a alegria do Evangelho, ou o Evangelho da Alegria, para o mundo.

É a partir de nosso batismo que todos somos e estamos aptos para servir em missão. Este é o convite que Deus nos faz: “Ide por toda a terra”, “Ide por todas as nações e levai a alegria da Boa-Nova”.

Que possamos ser o canal da graça de Deus e dar oportunidade de esses povos o conhecerem, dar-lhes oportunidade para que possam fazer uma experiência com o Deus de Amor. Isso é grandioso! Sabemos que não seremos os últimos da fila para despojar-nos de nossas vestes, despojar-nos das comodidades, deixar e desmontar a nossa tenda, que significa deixar nossa filha, genro, netas, demais familiares, amigos e nossa comunidade, onde vivemos momentos intensos, experiências de fé e, acima de tudo, de caridade uns para com os outros.

Somos felizes, pois entendemos que o amor é a razão primeira da evangelização, conforme nos diz o documento Evangelii Gaudium, e também, “mesmo que eu tivesse o dom da profecia e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência; mesmo que tivesse toda fé a ponto de transportar montanhas, mas se eu não tiver caridade, nada seria” (1 Coríntios 13,2). Portanto ir e revelar um Deus de esperança é nossa missão.

A nossa vida é puro dom. É preciso partilhá-la, doá-la por completo e não a guardar para si. A metodologia que usamos para nos aproximar daqueles nossos irmãos em Cristo é, necessariamente, a mesma de Jesus, ou seja, tocar, alcançar o coração deles. Nossa alegria também é saber que não estamos sozinhos na missão; temos uma comunidade inteira que reza por nós e pela missão, e essa comunidade se chama família, paróquia, Diocese e Regional, enfim, toda a Igreja do Paraná.

O que nos anima e encoraja é saber que a missão para a qual fomos convidados e escolhidos para fazer parte é missão de Deus. Diariamente, Deus se manifesta por sua presença para nos mostrar que é Ele que conduz, que está à frente. É Ele que interfere em todos os momentos e, de modo especial, nos mais difíceis.

Inúmeras foram as experiências de fé vividas na missão entre os muçulmanos, por quem a missão católica foi muito bem recebida. Viver e conviver em uma realidade de muçulmanos (90% da população de Quebo) parecia-nos algo difícil, aliás muito difícil. Mas o convívio foi uma grande surpresa para nós. A comunidade muçulmana nos acolheu muito bem. Fomos respeitados e os respeitamos, acolhidos e acolhemos o diferente, convivência e boa relação, convivência e boa relação e testemunho do bispo diocesano, Dom Pedro Zilli (in memoriam) com a comunidade muçulmana e demais etnias africanas (pelo menos trinta e duas). O povo africano tem uma cultura milenar, e é preciso saber respeitá-los nessa cultura e em suas tradições, até porque o missionário é, e sempre será, hóspede naquele chão.

Os missionários presentes na missão não fazem distinção entre as pessoas. Todos são atendidos da mesma maneira, sem discriminação. Muitos são os muçulmanos que procuram a missão e aí se sentem muito bem acolhidos. Por outro lado, eles também sabem que, junto com uma missão católica oriunda de outro país, vem para a eles muitos benefícios: atendimento na saúde e na educação, porque a missão católica é posta, é constituída num tripé: evangelização, saúde e educação.

E assim, aos poucos, vamos construindo essa missão com a ajuda de nossa Igreja do Paraná (Regional Sul 2). Somos e estamos felizes, confiantes no amor de Deus hoje e sempre. Depois de quatro anos de missão em Quebo, retornamos ao Brasil, para reiniciar aqui nossa vida e as atividades profissionais. Deixamos a missão, mas trouxemos no coração o povo africano. Mais difícil que a ida para a missão foi deixá-la para outros, porque tudo o que fizemos realizou-se no e com amor.

Quem quiser saber mais sobre a experiência missionário do casal Pedro e Salete acesse https://youtu.be/gsZmfTZy_iw

Diácono Pedro e Salete Lang, membros da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, Diocese de Ponta Grossa, missionários em Quebo por quatro anos (2015 a 2018).

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