Celebrar o Dia Internacional da Mulher não é simplesmente reconhecer sua importância na sociedade, a qual é inegável, mas é, antes de tudo, um grito de protesto contra todo o sofrimento que é imposto às meninas e às mulheres no mundo inteiro.
Por que será que as mulheres precisam carregar um fardo tão pesado de discriminação, violência, desigualdade e preconceito? Quanto dano faz uma cultura machista! Ser diferente não quer dizer ser inferior ou superior, significa apenas ter habilidades e possibilidades distintas para nos ajudar mutuamente e nos complementar como seres humanos, com os mesmos direitos e deveres.
Infelizmente, ainda estamos longe disso. O Brasil ocupa o quinto lugar no ranking dos países onde há o maior índice de feminicídio no mundo. Só em 2016, uma mulher brasileira foi assassinada a cada duas horas. Mas o que é feminicídio? É matar uma mulher pelo fato de ela ser mulher, ou seja, por questões de gênero, em consequência do menosprezo ou discriminação da condição feminina.
No Brasil, muitas mulheres são assassinadas pelos seus próprios maridos ou namorados. Até bem pouco tempo, as penas desses crimes eram abrandadas por estes serem considerados passionais e em defesa da honra. Somente a partir de 2015 o assassinato de mulheres passou a ser tido como crime hediondo, graças à Lei 13.104, que alterou o Código Penal Brasileiro.
É preciso entender que o feminicídio é o último estágio da violência contra a mulher. Segundo dados divulgados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em 2016, a cada hora, 503 mulheres acima de 16 anos foram vitimadas, resultando em 4,4 milhões de casos denunciados. Essas agressões foram desde a ofensa verbal e a ameaça até a violência física.
Estes dados são alarmantes! Mas de onde vem toda essa violência? De acordo com a Organização das Nações Unidas, as agressões estão relacionadas ao sentimento de posse e de controle do homem sobre a mulher e seu corpo, do desejo de limitar sua emancipação e autonomia, e ainda o desprezo e até mesmo o ódio por sua condição de gênero.
Todos esses fatores são culturais e precisam ser mudados. Daí a importância de abrir os olhos para o que está acontecendo e denunciar, ajudar as mulheres que sofrem agressões a buscarem amparo legal. Para isso temos a Lei Maria da Penha e a Delegacia da Mulher.
Vamos, sim, comemorar o Dia Internacional da Mulher, homenageando sua coragem, sua criatividade, seu cuidado pela vida, sua capacidade de amar e de criar beleza ao seu redor. Vamos agradecer às mulheres por tornarem o mundo um lugar muito melhor…
Mas vamos também dizer “chega”! Chega de violência contra a mulher! Chega de feminicídio! Chega de desigualdade, preconceitos, exploração sexual e de todos os tipos de exploração! Chega de abusos contra a mulher!
Irmã Ana Elídia Caffer Neves, SSpS
Jornalista, membro da Equipe de Comunicação Congregacional e coordenadora de Comunicação da Província Stella Matutina (BRN)