“Debaixo dos caracóis dos seus cabelos /
Uma história pra contar de um mundo tão distante /
Debaixo dos caracóis dos seus cabelos /
Um soluço e a vontade de ficar mais um instante…”
(Erasmo Carlos e Roberto Carlos)
Saudades? O tempo está passando, os filhos vão crescendo, os amigos vão se distanciando, lembranças dos lugares da infância e da juventude voltam à memória. Após anos trabalhando, o corpo não é mais o mesmo. O cansaço vai chegando… Aposentar ou não? Eis a questão. O que está acontecendo? Pode ser o tempo do envelhecer chegando.
Estudos do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), publicados em 2023, revelam que existem mais de 33 milhões de pessoas idosas no Brasil. A pesquisa também mostra que, com o avanço da medicina, aumentou o número de pessoas de idade acima de 60 anos.
Envelhecer (sênior) não é cair na melancolia nem procurar clínica de estética para tirar rugas (risos). Cuidar-se bem é o segredo da longevidade! Fazer o check-up anual para que a saúde fique em dia. Tomar as vacinas nos prazos certos, alimentar-se de modo saudável. Praticar atividade física é necessário. Ler faz bem para a mente, mexe com a imaginação e, ou, enriquece o conhecimento adquirido ao longo dos anos.
Para que trabalhar tanto? Para pagar a faculdade daquela filha, daquele filho que mais tarde sairá de casa e nem terá tempo para visitar você? Sem falar naqueles pais que, quando chegam a uma idade, passam o nome do imóvel (doam) para os filhos e depois sentem o desagradável sentimento da ingratidão quando são abandonados por eles. Ou vira babá de netos?
Muitas pessoas idosas, por causa da frustração, têm praticado o suicídio, infelizmente. Então, como envelhecer com saúde e dignidade? As dicas são: manter a interação social, aprender coisas novas e praticar atividades físicas. Estimular a cognição afasta depressão e demências. Como diz a canção: “As luzes e o colorido que você vê agora / Nas ruas por onde anda, na casa onde mora / Você olha tudo e nada lhe faz ficar contente / Você só deseja agora voltar pra sua gente”.
Sobre a interação social, participe de eventos sociais, culturais e religiosos, não pare de encontrar com os amigos, visite algum conhecido ou doente, trabalhe como voluntário em alguma instituição, conheça lugares novos, faça parte de algum grupo, seja de estudo ou de excursão, pratique uma religião. O importante é não se sentir só, pois os pais falecem, filhos crescem e se vão pelo mundo, ter amigos de bocha ou de chá, de baralho ou de bazar, você não verá o tempo passar.
Outra dica é aprender sempre coisas novas. Faça cursos de idiomas, toque um instrumento, dance, cante, aprenda informática, escreva um poema, um artigo, um livro. Cora Carolina começou a escrever seus poemas quando tinha 70 anos. Isso significa que nunca é tarde para começar. Gosta de jardinagem? Aproveite e procure cultivar plantas, flores, crie um jardim. Há vários cursos na internet. Faça palavras-cruzadas, caça-palavras. Aprenda sobre primeiros socorros. Tudo que for bom para estimular a mente é importante.
A terceira dica é praticar atividades físicas. Caminhada, natação, Pilates, musculação, aeróbica, hidroginástica, alongamento, subir e descer escadas; enfim, movimente-se! Não deixe os joelhos e as pernas ficarem sem circulação; procure sempre uma atividade adequada à sua saúde. Para isso, é necessário primeiramente uma avaliação médica. Há os alpinistas, os ciclistas, os surfistas, os que gostam de trilhas. Não permita que a ostopenia ou a artrose atrofie a vontade de recuperar os movimentos. Se for cadeirante, não desanime. Uma orientação fisioterapêutica faz muito bem. O importante é não ficar parado, parada.
Ah! Não se esqueça de ler o Estatuto do Idoso e demais leis, pois somos sujeitos de direitos. Que todos sejam respeitados, colocando-nos no lugar do outro. Afinal, todos um dia vão envelhecer.
Maria Terezinha Corrêa
Mestranda em Filosofia e mestra em Antropologia, especialista em Ensino de Filosofia, filiada à ABA, à Apeoesp, à SBPC, à Aproffib e Sintram; membro da Comissão de Prevenção e Combate à Tortura (ALESC), voluntária na Pastoral da Pessoa Idosa, ligada à Arquidiocese de Florianópolis.