Como evitar atitudes racistas

Você teve a mancha mongólica quando criança? Se a teve, então provavelmente você é um afrodescendente. Como saber da mancha? Geralmente, quem cuidou viu, ao dar banho e trocar as fraldas, a mancha acinzentada ou esverdeada no fim da coluna, perto das nádegas. Essa marca costuma durar na pele do bebê por um ano. Segundo alguns estudos, é o sinal da mistura de etnias, principalmente a negra. Com o avanço da medicina, um exame de sangue pode comprovar seu fenótipo. Então, por que existe o racismo, se o ser humano é uma única raça? A diferença está na etnia.

Etimologicamente, o conceito de “raça” significa “categoria”, “espécie”. Esse conceito foi primeiramente usado pelas Ciências Naturais, na Zoologia e na Botânica, para classificar animais e vegetais. Com o mercantilismo crescente ou o acúmulo das riquezas pelas nações europeias, que exploravam terras tradicionais, segundo o sociólogo Octavio Ianni (1926-2004), os historiadores utilizaram, por vários séculos, os termos “selvagens”, “bárbaros”, “sem história” para os povos colonizados, tido como inferiores. 

Com o avanço das Ciências Humanas, o termo “raça” passou a ser construído socialmente para relações sociais. No entanto, o conceito “etnia” é o termo científico empregado para distinguir os indivíduos ou as coletividades fenotípicas, classificadas como amarela, ariana, indígena e negra. No Brasil, com a mistura dessas etnias, também temos o termo “pardo”.

Com as reivindicações do reconhecimento dos antepassados negros e negras feito pelo Movimento de Consciência Negra, a partir da Constituição Federal do Brasil de 1988, o artigo 5º, inciso XLII estabelece que é crime inafiançável qualquer tipo de discriminação. 

Por isso, devemos evitar todo preconceito: não comentar o cabelo da pessoa de modo pejorativo, aceitar as diferenças, ser empático, não discriminar ninguém, procurar conhecer a cultura, os costumes e as crenças do outro. Enfim, as diferenças enriquecem nossa humanidade. Que seria do jardim se todas as flores fossem iguais? A variedade de pássaros é imensa, e todos transmitem sua beleza, tanto na plumagem quanto no cantar. Por que o ser humano discrimina seu semelhante, seu “próximo”, sendo que são da mesma espécie?

Segundo o último censo brasileiro de 2022, a população tem se reconhecido mais negra e, ou, parda. Atualmente, constatam-se 55,5% de pretos ou pardos no Brasil, conforme especialistas afirmaram à Agência Brasil, em 24 de dezembro de 2023. Os brancos são 43,5%, e indígenas, 0,8. Assim, reflitamos: por que temos tão poucos representantes negros e negras, pardos e pardas nas câmaras municipais, nas assembleias legislativas, no Congresso Nacional? 

Que o feriado nacional de Vinte de Novembro seja uma forma de transformar o racismo no Brasil, que, infelizmente, ainda atinge 51% da população. Que a resistência de Zumbi dos Palmares e Dandara sirva de exemplo para enfrentarmos as injustiças e desigualdades raciais e sociais entre nós. 

Respeite as diferenças! Viva a pluralidade cultural!

 

Maria Terezinha Corrêa

Mestranda em Filosofia, antropóloga, especialista em Ensino de Filosofia, graduada em Filosofia e Pedagogia, filiada à ABA, SBPC, Sintram, Aproffib, agente da Pastoral da Pessoa Idosa, professora de Filosofia na Rede Pública da Prefeitura de São José-SC.

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *