Irmã Nadir Vieira Pereira é de Nhunguara, uma comunidade remanescente de quilombo, no Município de Eldorado-SP, perto da Caverna do Diabo. Uma região muito bonita do Vale do Ribeira, onde a natureza ainda está bastante preservada. Lá mora sua família há muitas gerações.
Neste ano, Ir. Nadir completa 25 anos de consagração religiosa como missionária serva do Espírito Santo, dos quais nove esteve em missão em Moçambique, África, e por vários meses colaborando na formação das jovens no Paraguai. Agora a religiosa está de volta ao Brasil, dedicando-se ao Centro de Integração do Migrante (CIM), no bairro do Brás, em São Paulo-SP.
Com a perda da mãe, três anos atrás, Ir. Nadir ficou em dúvida se celebraria o jubileu em sua comunidade de origem. Mas suas seis irmãs e o irmão caçula, quando souberam, não tiveram dúvida: queriam fazer a festa dos 25 anos com a família reunida e toda a comunidade. Então começaram os preparativos.
Tríduo missionário
Uns dias antes do dia do jubileu de prata, uma equipe de seis irmãs missionárias servas do Espírito Santo e dez missionários verbitas foram a Nhunguara e, juntamente com Ir. Nadir e sua família, visitaram as famílias e doentes, cobrindo todas as comunidades da região.
A equipe missionária chegou na terça-feira, dia 23. Irmã Ashrita Soreng, missionária da Índia há sete anos no Brasil, ficou muito tocada com os dias de missão: “Lembrei-me muito da terra onde nasci, a natureza, o rio correndo próximo à casa… A família nos acolheu com muita união, abertura e felicidade, como se fosse nossa família!”.
Também para as irmãs Joyti Canare, Juliana Andrade, Yustina Giri, Teresita Luján e Marli Moreira, a missão foi um tempo de convivência como Família Arnaldina. Elas contam que visitaram as famílias e partilharam sobre a missão de Ir. Nadir em Moçambique. Também as celebrações do tríduo foram muito significativas. Irmã Yustina diz que aprendeu muito com a família e a comunidade, “Especialmente a fé, a simplicidade e a cultura que sabe acolher as pessoas”, completa.
Entre os seminaristas do Verbo Divino, o estudante de Teologia Ilidio Ipalana, de Angola, conta: “Foi um prazer conhecer esta região, em especial, a família da Ir. Nadir e este povo, que é muito alegre e acolhedor”. Ele relata que participaram das celebrações, visitaram e rezaram com os doentes e as famílias, inclusive as mais afastadas.
A celebração jubilar no sábado, 27 de julho, foi presidida pelo bispo diocesano de Registro, Dom Manoel Santos, e mais três padres. A coordenadora provincial, Ir. Maria Percila Vieira, apresentou as irmãs e falou sobre o carisma da Congregação. Na homilia, o bispo falou sobre a beleza da vocação à vida consagrada e sua importância para a Igreja.
Uma família muito unida
A família de Ir. Nadir se empenhou para que tudo corresse bem e preparou almoço para todos os convidados. Uma de suas irmãs, Nair Aparecida Vieira Torres, 49 anos e mãe de cinco filhos, conta que a família é muito unida e vive o que os pais ensinaram. “Além de irmãs, somos amigas e companheiras, sempre juntas, rindo, conversando, uma dando força à outra”, explica.
Para Nazaré Vieira Pereira, a caçula das irmãs, de 39 anos, “A semana de missão foi maravilhosa. Saímos e depois voltamos contando aonde foi, como foi… Conversava, cantava, dançava… A comunidade ganhou vida nova, renovação!”.
Os irmãos contam que eram oito filhos, mas Antônio, o mais velho, faleceu. Hoje são sete: Natália, Nadir, Nair, Neuza, Neide, Nazaré e João Júnior. O jubileu foi o primeiro evento que eles realizaram depois da morte do irmão e da mãe, o que se tornou ainda mais significativo para eles.
A comunidade de Nhunguara, contam, sempre foi da família Vieira, incluindo seus tios e primos. Anos atrás, por causa de um projeto de construção de barragem que inundaria suas terras, tiveram de se unir para defender o direito de permanecer na região e conseguiram. A luta os fortaleceu e, hoje, são cerca de 200 famílias espalhadas na área, sendo que a comunidade católica à qual pertence a família da Ir. Nadir é formada por 12 famílias.
Uma vocação especial
“Ter uma irmã religiosa missionária significa muito para a família”, explica Nair, lembrando a escolha vocacional de Ir. Nadir e como ela ajudou a formar a comunidade de Nhunguara, “fazendo a homilia e ajudando a cantar”.
Ir para a missão “foi a escolha dela e todos nós apoiamos, desde o pai, a mãe e nós irmãos”, narra a irmã de Nadir. “Com o empenho dela, conseguimos educar nossos filhos, pois a gente sempre diz que temos uma ‘irmã’ na família e precisamos seguir o exemplo dela”. E completa: “Para nós, é muito gratificante!”.
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Principais momentos da celebração
Irmã Ana Elídia Caffer Neves, SSpS
Jornalista, membro da Equipe de Comunicação Congregacional
e coordenadora de Comunicação da Província Stella Matutina (BRN)