Conheça oito atitudes de um catequista por vocação

O belo itinerário de agosto, reconhecendo e orando pelas diversas vocações cristãs, encerra-se com o Dia do Catequista, celebrado no último domingo do mês. Com justiça, a Igreja reconhece esse preciosíssimo dom. Ao longo do ano, milhares e milhares de batizados e batizadas, respondendo ao chamado a ser configurados a Jesus, vão ao encontro de irmãos e irmãs, alguns ainda bem pequenos, para instruí-los no caminho do Senhor.

Em maio, esse fundamental ofício ganhou novas luzes, quando o Papa Francisco publicou a Carta Apostólica Antiquum ministerium, instituindo oficialmente o ministério de catequista (existente desde o início da Igreja, diga-se). Depois da elaboração do rito pela Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, as conferências episcopais e as dioceses regulamentarão a norma.

Os catequistas não deveriam ser confundidos com professores, mesmo uma pessoa podendo exercer, com grande louvor, as duas funções. A palavra catequese tem origem grega e significa “ecoar”. Aquele ou aquela que se dispõe a esse ministério recebe a sagrada tarefa de “ecoar” não apenas a voz, mas os gestos, o espírito de Jesus. Não é uma mera transmissão de conteúdo, mas um anúncio, com palavras e gestos, de algo a arder antes no peito, após uma experiência de encontro com o Senhor (cf. Lucas 24,13-35).

Depois de um tempo e alguns episódios de incompreensão de minha parte, entendi por que se costuma dizer que um catequista jamais tira férias. Claro! Um homem ou mulher, seja jovem ou mais experiente, ecoa Cristo a qualquer momento ou lugar. Quem procura seguir os passos do Senhor não pode (e nem deveria) afastar-se dele.

A catequese, de uma forma mais ampla, é uma missão exercida em conjunto. A começar das famílias, depois passando pelo bispo (o primeiro catequista de uma diocese), os presbíteros, diáconos, consagrados e consagradas, e pelo povo de Deus, todos têm o dever de “ensinar” o Evangelho, sobretudo pelo testemunho. Cada um precisa dar sua contribuição.

Não adianta se um familiar ensina a uma criança, a um jovem ou mesmo adulto que Jesus é misericordioso, manso e humilde de coração (Mateus 11,29) se, ao chegar à comunidade de fé, esse catequizando é acolhido com rispidez ou indiferença. Por isso, a Igreja entende que todos os batizados são chamados a, de algum modo, serem catequistas.

Oito atitudes de um catequista de vocação

Voltando-me diretamente a quem exerce esse grandioso ministério (as palavras que conheço são poucas para saudá-los como merecem), eu gostaria de lançar luzes sobre oito aspectos dessa nobilíssima vocação; a maioria inspirados no motu proprio do Papa Francisco. A lista é bem maior, confesso, e não é possível organizá-la por ordem de importância.

Fala em nome da Igreja

Todo catequista deve ter no coração que nem sempre fala em nome próprio. Pode ocorrer de seu olhar pessoal sobre algum ponto destoar com o da Igreja, baseado na Revelação, na Tradição e no Magistério, mas a palavra do Corpo Místico de Cristo tem prioridade.

Cultiva a vida de oração

É difícil oferecer com credibilidade aquilo que não se tem. Para ecoar a voz e os gestos do Senhor, o catequista deve ter o propósito de se aproximar o máximo possível de Jesus. Isso se dá em primeiro lugar na oração constante e sincera, na escuta atenta da Palavra, a qual deve cair como semente boa em terra fértil. Nesse ponto, nenhum batizado deveria “tirar férias”.

Procura se atualizar

A Igreja não é um museu ou um antiquário, e é uma pena muitos cristãos não se darem conta disso até hoje. As teologias evoluem, as liturgias não usam o princípio do “pode/não pode”, e o conhecimento da Bíblia, da Doutrina Social da Igreja e dos dogmas vão se aprofundando ao longo do tempo. A própria catequese passa por atualizações desde os primórdios. Quem se propõe a transmitir a fé precisa estar em dia com as boas novidades. Ao longo da catástrofe da pandemia, muitos catequistas tiveram de se adaptar a novas formas de acompanhar os catecúmenos, os noivos, os jovens e as crianças. Isso, contudo, já ocorria de modo mais ou menos intenso ao longo da história, e é preciso estar de espírito dócil aos ventos do Espírito.

Participa na vida da comunidade

O catequista, a catequista é parte preciosa da comunidade de fé. É preciso ecoar Cristo primeiramente em casa, depois junto aos outros irmãos e irmãs. Não se pode estar numa bolha, assistindo de longe aos desafios e conquistas do povo. Isso implica também gostar de estar com as pessoas, compreender as fraquezas e o sagrado que elas trazem dentro de si. De modo mais amplo, é necessário estar atento à sociedade como um todo, tentando compreender como o cristão, a cristã pode ser “sal da terra e luz do mundo” (cf. Mateus 5,13-16). Por outro lado, uma comunidade madura também respeita e procura iluminar-se pelo testemunho dos catequistas.

Têm equilíbrio

O termo é muito genérico, mas eu o compreendo aqui mais no sentido de relacionamento humano. Catequese e mau humor não combinam. É necessário se esforçar para saber lidar com os mais diferentes tipos (não é fácil, eu sei!). Administrar conflitos, saber respeitar as ideias dos outros, ceder, ter uma divina paciência, tudo isso é ser bom pastor, pastora, sinal de um amor que vem de Deus.

Sabe acolher

O catequista deve ter claro: não cuida das próprias ovelhas, mas daquelas pertencentes a Deus, o Pastor-Mor. Ele confia seus queridos filhos e filhas a esse ministro, ministra. Cada catequizando que chega e suas respectivas famílias devem ser considerados verdadeiros presentes do Senhor. Aos olhos da fé, é o Espírito que os impulsiona a querer conhecer as coisas santas. Saber acolher o ser humano, com suas virtudes e fraquezas, é uma dos mais elementares gestos esperados de um catequista.

É modelo de generosidade

Um legítimo catequista coloca à disposição dos irmãos e irmãs, da Igreja e do mundo o que tem de melhor. Partilha com generosidade seus dons, talentos, seu tempo. Nesse aspecto, recordo a passagem dos cinco pães e dois peixinhos apresentados ao Senhor (Lucas 9,11b-17). Com aquele pouco oferecido com presteza, Ele pôde alimentar uma multidão.

Testemunha uma vida de comunhão fraterna

Como já foi dito acima, o catequista não fala em nome próprio. Assim, esse ministro deve estar sempre vigilante para que apenas a voz e os gestos de Jesus ecoem. Hoje há uma venenosa tendência a uma religiosidade intimista, desvinculada do próximo, do sentido eclesial. Para alguns, Deus é o empregado, a “criatura” à disposição para atender a pedidos, mas Ele é o Senhor e o Criador, a quem devemos servir e adorar. Compreender o Eterno como um Pai com amor de Mãe é entender-se como irmão e irmã dos outros, ou seja, em comunhão fraternal. Esse é um grande meio de anunciar, com a própria vida, o Evangelho. Ainda sobre esse ponto, na Carta Antiquum ministerium, o Papa sublinha: “Requer-se que sejam colaboradores fiéis dos presbíteros e diáconos, disponíveis para exercer o ministério onde for necessário e animados por verdadeiro entusiasmo apostólico” (n. 8).

O que um catequista deve esperar da Igreja

A Igreja, em síntese, é a grande comunidade dos batizados e batizadas, animada por seus pastores-servidores, todos procurando seguir o caminho de Jesus. Em Antiquum ministerium, Francisco, entre outras observações, pede que os catequistas “recebam a devida formação bíblica, teológica, pastoral e pedagógica, para ser solícitos comunicadores da verdade da fé, e tenham já maturado uma prévia experiência de catequese” (n. 8). Essa determinação é para quem será instituído no ministério, mas precisa valer para todos os que se dispõem a essa missão.

Os fiéis e o clero devem apoiar os catequistas, procurando, o melhor possível, reconhecer o esforço desses ministros, socorrendo-os inclusive nas necessidades materiais, para poderem exercer bem sua função e orando por esses servidores e servidoras. Também é importante a comunidade ter espírito catequista, acolhendo carinhosamente os que desejam seguir os passos de Jesus.

Chego ao fim deste texto ainda sem encontrar palavras à altura para agradecer a esses queridíssimos irmãos e irmãs pela entrega à messe do Senhor. Que a Sabedoria Divina inspire cada um, cada uma. Nossa gratidão por nos apontarem os bons caminhos dos Céus e da terra. Bendito seja Deus por todos os catequistas!

Alessandro Faleiro Marques
Diácono permanente na Arquidiocese de Belo Horizonte, professor, editor de textos para as irmãs missionárias servas do Espírito Santo.

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