Para as missionárias servas do Espírito Santo, 2025 é o Ano da Transformação. Guiadas pelas Direções Congregacionais, todas as missionárias SSpS são convidadas a percorrer um itinerário de conversão em busca de transformação pessoal que se irradie na missão e beneficie a sociedade em que vivem.
A Equipe de Liderança Congregacional, em sua última carta circular dirigida às irmãs, enviou o texto que compartilhamos a seguir. Nós o recomendamos a todas as pessoas que buscam um sentido mais profundo na vida, deixando-se conduzir pelo Espírito Santo e abraçando o compromisso com o bem comum.
Chamado à transformação
Estamos atualmente no Ano da Transformação, um período de grande urgência e significado. Neste ano, a Congregação nos convoca a empenhar-nos por uma vida sustentável e responsável, e a promover relacionamentos vivificantes, criativos e respeitosos com todos os nossos irmãos, irmãs e a criação.
Quando falamos em transformação, geralmente pensamos em mudança. Mas a transformação é mais profunda. É uma mudança interior, e o Espírito Santo é o principal catalisador. O Espírito Santo está ativo em nosso mundo, Congregação, comunidades e vidas pessoais, guiando-nos na conversão pessoal, comunitária e missionária.
A grande questão, portanto, é: como podemos nos alinhar e alinhar nossas vidas com o Espírito Santo? O Espírito vai nos conduzir à transformação.
A transformação requer conversão em vários níveis:
- Conversão pessoal: uma conversão do coração, dos sentimentos e dos pensamentos. A verdadeira transformação começa com o coração. Ela exige uma profunda conversão pessoal de nossos pensamentos, emoções e desejos. É um convite para deixar que o Espírito nos guie para uma comunhão mais plena com Deus, remodelando nossa vida interior para refletir o amor e a humildade de Cristo.
- Conversão comunitária: uma conversão de nossos relacionamentos. Muitas vezes, temos dificuldades com nossos relacionamentos em comunidade e equipe. Isso dificulta a colaboração, que é tão necessária para nossa missão. A transformação precisa atingir esse nível. Como São Paulo nos lembra: “Tende entre vós os mesmos sentimentos que havia em Cristo Jesus. Ele, existindo em forma divina, não considerou um privilégio ser igual a Deus, mas esvaziou-se, assumindo a forma de servo e tornando-se semelhante ao ser humano. E, encontrado em aspecto humano, humilhou-se, fazendo-se obediente até a morte – e morte de cruz!” (Filipenses 2,5-8). A conversão comunitária nos chama a desenvolver a capacidade de nos abrirmos aos outros, encontrá-los em um nível mais profundo e compartilhar nossa fé e vida.
- Conversão missionária: perguntar: “Onde o Espírito está nos chamando para responder nessa situação concreta? A que clamor precisamos ouvir e responder?”. A conversão missionária nos obriga a ouvir atentamente e agir com coragem, levando o amor de Cristo às realidades concretas de nosso mundo, especialmente aos pobres e marginalizados.
- Conversão estrutural: garantir que nossas estruturas sempre sirvam à missão e se alinhem à missão de Deus. Elas devem ser flexíveis e responsivas, alinhando-se com a missão de Deus e apoiando o trabalho transformador dentro de nós e ao nosso redor. A transformação de nossas estruturas é um resultado natural da conversão pessoal, comunitária e missionária. Somente a transformação de nossas estruturas sem incluir os outros níveis levará a um beco sem saída.
- Conversão ecológica e sistêmica: a transformação é pessoal ou comunitária e deve ser ecológica e sistêmica. Como Congregação, somos chamadas a nos envolver com o clamor da terra e o clamor dos pobres. Nossa responsabilidade com relação à criação é uma parte crucial de nossa jornada de transformação. Ela exige que examinemos nosso estilo de vida, padrões de consumo e responsabilidade pela criação. Nossa missão de justiça, paz e integridade da criação (Jupic) nos desafia a agir em prol da mudança sistêmica, abordando estruturas injustas que prejudicam as pessoas e o meio ambiente. Nosso compromisso com a conversão ecológica nos chama a adotar práticas sustentáveis, trabalhar pela justiça climática e promover um mundo onde todos possam viver com dignidade. Essa é uma parte integral de nossa jornada de transformação que se alinha aos valores do Evangelho e ao nosso carisma congregacional.
Formação: um caminho para a transformação
A formação é indispensável para todas essas dimensões da conversão. Por formação, queremos dizer formação inicial e permanente, especialmente a autoformação contínua. A formação ocorre nos níveis intelectual, emocional, relacional e de ação. Ela nos ajuda a encontrar foco e direção, permitindo que nos entreguemos generosamente à missão de Cristo e para ela. A transformação se dá por meio da formação intencional acompanhada pela graça.
Como ensina São João da Cruz: “Tenha o desejo habitual de imitar Cristo em todas as suas ações, colocando sua vida em conformidade com a dele. Você deve então estudar a vida dele para saber como imitá-lo e comportar-se em todas as coisas como ele iria se comportar” (A1.13.3). Nossos desejos precisam ser educados, e isso acontece por meio da imersão na pessoa e na vida de Jesus nos Evangelhos. Uma decisão consciente do coração por Cristo leva a uma mudança no foco de nossos desejos.
Muitas vezes, podemos não nos sentir satisfeitas com o desenvolvimento lento e despretensioso da fidelidade cotidiana no seguimento de Jesus. Talvez desejemos novidades, entusiasmo e mudanças rápidas. No entanto, é por meio da perseverança, do silêncio, da contemplação e da partilha com os outros que crescemos naquilo que realmente importa. Tudo nos foi dado em Jesus, nosso irmão, companheiro e mestre.
Discernimento: colaborando com o Espírito
Por meio do discernimento espiritual, alinhamos nossas vontades, emoções, desejos e ações com o Espírito. Somos chamadas a ser colaboradoras e companheiras do Espírito Santo, reconhecendo e respondendo aos movimentos do Espírito em nossas vidas. Isso requer atenção, coragem e disposição para seguir aonde quer que o Espírito nos conduza.
Para nos ajudar nesse processo, convidamos você a usar a estrutura a seguir como uma ferramenta prática para o discernimento:
- Experiência: o que aconteceu? Reflita sobre os eventos ou situações que você encontrou.
- Tomar consciência: que sentimentos foram desencadeados? Reconheça suas emoções e estímulos internos.
- Interpretação: por que isso acontece? Procure entender as razões por trás de seus sentimentos e experiências.
- Validação: esse entendimento é válido? Discernir se sua interpretação está alinhada com a verdade, o amor e a fé.
- Decisão e ação: o que devo decidir a respeito? Deixe que esse processo guie suas ações com clareza e propósito.
Essa estrutura nos convida a desacelerar, a refletir intencionalmente e alinhar nossas decisões com a orientação do Espírito. Ao praticarmos essa abordagem, aprofundamos nossa reflexão pessoal, promovemos um diálogo honesto em nossas comunidades e respondemos, com eficácia, às necessidades da missão. Isso nos lembra de reservar um tempo para ouvir, pedir clareza ao Espírito e agir com convicção e coragem.
Equipe de Liderança Congregacional
Da esquerda para a direita: Ir. Jana Pavla Tóthová, Ir. Mikaelin Bupu, Ir. Miriam Altenhofen, Ir. Tressa Sebastian, Ir. Kreti Soledad Sanhueza Vidal e Ir. Mariana Camezzana.