O coração humano é cheio de coisas boas. Tem amor, generosidade, solidariedade…, mas, de vez em quando, pisa na bola! Fica invejoso! E quando age assim, não consegue se controlar e se torna juiz da vida alheia. Não suporta o sucesso do outro. Por não se sentir capaz de fazer o que o outro faz, começa a achar defeitos naquilo que o outro fez. Para isso, vale-se de interpretações distorcidas, e a fofoca é o meio que usa para difamar pessoas.
O coração invejoso se autorrejeita, mas não se dá conta. Como não se aceita inferiorizado, projeta sobre os outros sua incompetência. O coração invejoso não suporta o sucesso do outro e fala às escondidas, criticando, achando defeitos nos feitos alheios. O coração invejoso é injusto em seu julgamento porque não se baseia na realidade objetiva, mas em sua suposição e avaliação subjetiva. Não tem coragem de falar direto para a pessoa invejada. Esconde-se no “disque-disque”, atribuindo aos outros a origem de seus comentários negativos.
O coração invejoso faz muito mal a si e aos outros. A si, porque não é verdadeiro consigo, não reconhece sua inferioridade em relação a quem critica. Fala sem verificar a veracidade de seus comentários, faz conclusões negativas e precipitadas sobre os outros e, assim, acaba sendo desacreditado. Faz mal aos outros porque os difama, compromete o bom nome, causa mal-estar na convivência.
O coração invejoso não é feliz, porque não se aceita como é e se compraz em difamar o outro, visto por ele como alguém interesseiro e mal-intencionado. Ele é covarde porque não fala na frente de quem critica, é maldoso porque induz quem o escuta a fazer mau juízo sobre a pessoa sobre quem está falando.
O coração invejoso sofre de um grau alto de inferioridade. Em seu falar, há uma mensagem subliminar de vitimismo escondida em sua postura de juiz da vida alheia.
Às vezes, recomenda a quem o escuta: “Não fale que fui eu que disse”! Já por aí se percebe que é temerário, não assume a responsabilidade por seus comentários. Em geral, é astucioso também. Quando está junto de quem criticou, faz-se de inocente, fingindo que nada sabe sobre ele. Faz perguntas capciosas, tentando descobrir razões ocultas para depois as usar em suas críticas. Distorce as falas, tirando-as do contexto.
Coração invejoso não se conforma com o que é e tem. Não tendo o que o outro tem, vive aflito, vasculhando e querendo saber sobre a vida alheia. O sucesso do outro o incomoda e, para inconscientemente parecer-se com ele, precisa diminuí-lo e, assim, sentir-se mais igual.
Não sossega em seu canto, e a inveja é companheira diária que não lhe permite contentar-se com suas conquistas e as do outro.
Coração invejoso precisa de cura, caso contrário, compromete até a parte boa que tem. Coração invejoso precisa educar-se para ser humilde o suficiente para aceitar-se nas próprias limitações, sabendo que não precisa ser perfeito nem negar o bem dos outros para ter valor. Reconhecer o bem que o outro faz é um bom exercício para a própria conversão e viver em paz consigo mesmo, poupando, assim, o mal que causa nos outros por sua inveja.
Coração invejoso, contente-se com o que tem! Faça o bem com o tanto que tem, sem precisar “roubar” o prestígio dos outros em benefício próprio, engando-se a si.
Padre Deolino Pedro Baldissera, SDS