(Des)cobrimento ou (des)matamento do Brasil?

Geralmente, nas escolas, em 22 de abril, era comemorado o Dia do Descobrimento. O patriotismo nacional não era só o futebol, mas a integração nacional das terras brasileiras. Mas comemorar o quê?

Desde que os portugueses chegaram, pensando que estavam na Índia, percebeu-se a diferença geográfica, denominando o território de “Novo Mundo”. Interessante que, com o avanço das Ciências, atualmente se sabe que o tal “Mundo” é bem mais antigo que a região do Hemisfério Norte.

Quais vantagens o Brasil teve, desde 1500, ao ser (des)coberto por homens perdidos no mar? Estranhamento com os outros seres humanos, contato com outras culturas, línguas, biodiversidade, fartura de terras, minérios, flora e fauna.

Aparentemente, não tinham exército, um rei, e achava-se que não cultuavam nenhuma divindade. Todos tinham tudo em comum. Não encontraram ninguém morando ao relento ou passando fome; desigualdade social era algo que não existia entre os nativos.

Então, quais as desvantagens? Não se conhecia arma de fogo nem cobiça, chicote, cavalo, armadura, navios enormes, muito menos que o povo europeu era bravo, assassino, bárbaro, a ponto de escravizar os donos da terra e dividirem suas terras em capitanias, ao assinarem o Tratado de Tordesilhas.

Hoje, Brasil está descoberto. Suas matas abertas por causa de garimpo, desmatada por causa de madeireiras. Infelizmente, nosso país está mergulhado na corrupção em geral. O (des)matamento deu lugar ao gado, à soja, a coisas do gênero, causando ameaças, despejos, torturas, assassinatos.

Que Brasil queremos hoje, depois de 522 anos? Temos um país rico, um povo miscigenado, amável e generoso. Mas por que os indígenas ainda não têm suas terras demarcadas? Por que muitas famílias estão sem teto? Por que há latifúndios multinacionais tomando lugar de populações desamparadas?

Para construir um país justo, ético, renovado, precisamos escolher bem nossos representantes e preparar bem a educação dos cidadãos brasileiros, buscando ser transparentes, corajosos em denunciar as coisas erradas e criar projetos que promovam a vida.

Maria Terezinha Corrêa
Mestra em Antropologia, especialista em Ensino de Filosofia, graduada em Filosofia e Pedagogia, cursou Teologia, filiada à ABA, APEOESP e SBPC. Atualmente, professora de Filosofia na Prefeitura de São José-SC, membro da Comissão de Prevenção e Combate à Tortura, pela ALESC, voluntária na Pastoral da Pessoa Idosa, ligada à Arquidiocese de Florianópolis.

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