A Campanha da Fraternidade chegou para ajudar na consciência de que o diálogo é o único caminho possível para um compromisso de amor e fraternidade. Esse é um dos motivos de ser mais um projeto de campanha ecumênica.
Ao chamar a atenção para a necessidade de aceitar plenamente as pessoas que são diferentes e ver, nas diferenças, a riqueza da família humana, convida a trilhar caminhos que redescubram a força e a beleza do diálogo como compromisso de realizações mais amorosas e humanas; afinal não é possível acreditar na diversidade e, ao mesmo tempo, discriminar e desrespeitar por diferenças étnicas, religiosas ou de gênero.
Muito além de pensar, avaliar e identificar caminhos para a superação, pelo diálogo, das polarizações e violências, testemunhando a unidade na diversidade, compõem os objetivos da Campanha o engajamento em ações concretas de amor ao próximo, a conversão de uma cultura de ódio para uma cultura do amor, a convivência fraterna como experiência humana irrenunciável, em meio a diferentes crenças, ideologias e concepções, e em um mundo cada vez mais plural, e a partilhar de experiências concretas de diálogo e convívio fraterno.
E quando falamos em experiências concretas de diálogo, vale a pena lembrar que ele é muito mais que uma conversa pontual.
O diálogo é um estilo de vida
É a capacidade de compreender o outro por sua forma de ver o mundo e compreender as coisas. Assim, quanto mais crescemos no diálogo como capacidade de escuta ativa, mais a paz se torna presente em nosso meio.
Em um mundo de polarizações como lembramos acima, o diálogo pode ser o caminho para a construção desse lugar que buscamos.
Jesus nos ensina a capacidade da escuta, da compreensão do outro, de forma empática. Ensina ainda que, no diálogo, não existem ganhadores, afinal seu objetivo é compreender uns aos outros, o que não deixa de ser também uma forma de amar o próximo.
Mesmo nas diferenças, devemos buscar sempre o que nos une, o que nos conecta como família humana, e destruir os muros de separação. Para isso, faz-se necessário favorecer espaços para a vivência do diálogo, da diversidade, da união que gera necessariamente o respeito. O maior testemunho cristão e humano que podemos dar ao mundo é nossa capacidade de acolher a diversidade e possibilitar a união e o respeito para que, assim, possamos sempre celebrar a vida.
Recuperar a nobre capacidade de dialogar diante de tantas fragmentações, quando parece que já não conseguimos mais escutar uns aos outros, é sim uma das formas de amar.
Fazer a opção pelo diálogo significa recuperar em nós a nobre capacidade de um coração capaz de cuidar uns dos outros, por meio de uma escuta que dá ao outro a possibilidade de ser por inteiro.
Muitas vezes, alguém mal começa uma conversa, e nós já estamos pensamos na resposta a ser dada, perdendo a oportunidade de compreender o outro a partir de um espírito cristão de entendimento, de sua história de vida, de como compreende o sentido da vida e o sentido do mundo.
Cada uma das campanhas sinaliza que o diálogo é nosso melhor testemunho, e nossa fé anima-nos a prosseguir pelo caminho da unidade na diversidade. Oxalá, como discípulos de Jesus, aprendamos que só o diálogo com Jesus faz o coração arder; afinal, se o coração arde em chamas pelo projeto de Jesus, os pés partem em missão.
Referência
CONIC/CNBB. Campanha da Fraternidade Ecumênica 2021: texto-base. Brasília: Edições CNBB, 2020.
Agostinho Travençolo Junior é educador e assessor da Dimensão Missionária da Rede de Educação Missionárias Servas do Espírito Santo.