Diversidade cultural e ambiental da Pan-Amazônia

A Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a Pan-Amazônia será realizada em Roma, no mês de outubro deste ano, mas já vem sendo preparada por um amplo processo de diálogo e escuta dos povos que vivem na Região Amazônica.

Com base no documento preparatório “Amazônia: novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral”, vamos trazer uma síntese dos principais aspectos da realidade amazônica que nos ajudará a entender a importância do Sínodo e a nos aproximar mais dos povos indígenas e demais comunidades da região.

O território pan-amazônico

A Pan-Amazônia é composta por nove países (Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname, Venezuela e Guiana Francesa). São mais de 7 milhões e meio de quilômetros quadrados que constituem o bioma amazônico. Além de ser uma das maiores reservas de biodiversidade do mundo, com 30 a 50% da flora e da fauna do planeta, concentra 20% da água doce não congelada e mais de um terço das florestas primárias de todo o planeta. Também é significativa pela captação do carbono.

Diversidade sociocultural

Na Amazônia convive uma grande variedade de povos. Originariamente, a população indígena vivia às margens dos rios e lagos. Contudo, para se protegerem dos colonizadores que queriam escravizá-los, muitos povos se refugiaram no interior da selva e outros contingentes populacionais vieram habitar essas áreas.

Os povos tradicionais vivem em profunda comunhão com a natureza. Caçam, pescam e coletam o que a selva lhes oferece, e cuidam de seus rios e matas. Mas esse equilíbrio vem sendo destruído pelos grandes interesses econômicos, que provocam desmatamento e contaminação dos rios pelo uso indiscriminado de agrotóxicos, derrame de petróleo, rejeitos de mineração e derivados da produção de drogas.

As cidades cresceram muito rapidamente e receberam migrantes e deslocados de suas terras, especialmente indígenas, ribeirinhos e afrodescendentes. Essas comunidades formam as periferias, marcadas pela pobreza e desigualdade social. Atualmente, de 70 a 80% da população pan-amazônica vivem nas cidades. Muitos são indígenas sem documentos e sofrem pela discriminação e atitudes de xenofobia.

De acordo com o documento preparatório, “O crescimento desmedido das atividades agropecuárias, extrativistas e madeireiras da Amazônia não só danificou a riqueza ecológica da região, de suas florestas e de suas águas, mas também empobreceu sua riqueza social e cultural, forçando um desenvolvimento urbano não ‘integral’ nem ‘inclusivo’ da bacia Amazônica” (n.º 16).

Identidade dos povos indígenas

A população indígena da Pan-Amazônia é de aproximadamente 3 milhões, oriundos de 390 povos e nacionalidades diferentes. Entre eles há de 110 a 130 “povos livres”, ou “povos indígenas em situação de isolamento voluntário”. Outra situação é a dos povos indígenas que vivem nas cidades e perdem suas características culturais.

Para enfrentar as ameaças à sua sobrevivência e manutenção de suas culturas, os povos indígenas e as comunidades amazônicas se organizam e lutam por seus territórios e seus direitos. Essas organizações não apenas buscam o fortalecimento de seus povos e o resgate de seus costumes, tradições e saberes, mas lutam também pela conservação da floresta e do meio ambiente, que é fonte de vida e de sustento.

Alguns dos povos indígenas pan-amazônicos: índio Yanomami, tribo Tsimané da Bolívia e jovem indígena da região do Oiapoque (divisa do Amapá com Guiana Francesa).

Em muitos desses contextos, a Igreja Católica vem marcando presença ao longo dos séculos, por missionários e missionárias comprometidos com as causas dos povos indígenas e amazônicos. Também busca, baseada em sua presença encarnada e sua criatividade pastoral e social, responder aos desafios da realidade amazônica.

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