Educação, fé e política: uma reflexão sobre as ações

Ao observar o cenário político atual, questiono-me sobre o papel exercido pela educação, pela fé e pela política nos dias de hoje.

O papel da educação, no decorrer dos tempos, foi se emoldurando de acordo com a sociedade e o objetivo específico desta. Nas sociedades primitivas, o conhecimento era transmitido de forma informal e baseado na busca pela sobrevivência. Com a divisão social, o papel da educação se transformou, uma vez que se adequou à necessidade de determinado tipo de classe.

Entendo ser, nesse momento, que a política grita e determina a forma como a educação vai se dar, nesse contexto, para a manutenção das classes sociais.

Mas o que, de fato, é a política e o que ela determina na educação? Aqui cabe uma conceituação: estamos falando de política como os procedimentos relativos a uma sociedade e não da política partidária ou de partidarismos. Assim, a política, desde os primórdios, influenciou a forma de transmissão de conhecimento que se desenvolveu ao longo do tempo e da história, como fonte de conhecimento e poder das classes dominantes, cujo objetivo era a perpetuação do poder daqueles que o mantinham.

Agora que já falamos sobre o conceito de educação, de política e como eles conversam historicamente, vamos falar sobre fé: o que vem a ser fé? Que diálogo a fé desenvolve com a política e com a educação?

Creio que, quando analisamos o contexto social em que nos encontramos hoje, vemos nitidamente a fé explícita em nossas ações. A crença de que tudo vai dar certo, a positividade nos detalhes e, mais ainda e primordialmente, em nossos pensamentos.

Você acredita na educação? Você crê que a educação transforma uma sociedade? Pois aí reside o verdadeiro sentido da fé… É a crença, é o crédulo, é a chama que acende e nos faz seguir independentemente de qualquer tipo de obstáculo.

O cenário político hoje nos permite entender a educação de modo mais democrático. As informações chegam mais assertivamente. Com o advento da internet, a aprendizagem se tornou um processo mais dialético, visto que o indivíduo se entende como protagonista de seu saber e busca, por si só, o conhecimento.

Assim, a criticidade de quem aprende por outras vias, e não somente pela escola, vem ao encontro da forma como hoje a sociedade se desenha: permeada de pluralidade. Hoje a educação se propaga de modo mais libertário e progressista, buscando um meio mais justo e democrático de aprender sobre o mundo.

Como na poesia de Vinícius de Moraes, “Não há você sem mim e eu não existo sem você”, a política organiza uma sociedade, a fé nos leva às ações intencionais, porque acreditamos que podemos realizá-las, e a educação nos traz a transformação, aquela que, há tempos, esperamos para ver explicitamente em uma educação democrática.

Ver hoje a educação como uma ação transformadora e permeada de intencionalidade denota o real sentido da conversa entre esses três entes inicialmente conceituados individualmente. Educação, política e fé, por sua natureza, caminham de mãos dadas, objetivando a reflexão para a ação, na construção de uma sociedade mais justa e igualitária.

Renata Bastos de Assunção Tavares
Professora do 2º ano do ensino fundamental do Colégio Imaculado Coração de Maria, no Rio de Janeiro-RJ, supervisora educacional da Diretoria de Educação Superior da Rede Faetec no Rio de Janeiro e especialista em Psicopedagogia Institucional e Clínica.

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