“Educar para um novo humanismo”

A educação humanista assume um papel fundamental no processo de desenvolvimento da pessoa, sobretudo quando inspirada por um espírito evangelizador que gera o desejo de perceber o outro e a realidade, numa perspectiva transformadora.

No contexto da educação católica, interpelam-nos as palavras do Papa Francisco, na encíclica Laudato si’, indicando-nos que “A educação será ineficaz e os seus esforços estéreis se não se preocupar também por difundir um novo modelo relativo ao ser humano, à vida, à sociedade e à relação com a natureza”.1 Nesse intuito, o Papa convida os educadores e as educadoras do mundo inteiro para assumirem um pacto educativo global, com a intenção de despertar para a necessidade de educar para um novo humanismo. E o que vem a ser essa proposta?

Educar para um novo humanismo é um convite a romper com as formas ineficazes e estéreis, sobretudo para os tempos atuais, e abraçar, portanto, uma “educação para um novo pensamento, capaz de unir diversidade e unidade, igualdade e liberdade, identidade e alteridade”. Trata-se de compreender e respeitar as diferenças, acolhê-las assim e “exercitar o pensamento que articula a unidade na diversidade e que considera a diferença como uma bênção para a própria identidade”.2

No cenário brasileiro, a Campanha da Fraternidade de 2022 traz um lema prenhe de significados: “Fala com sabedoria, ensina com amor” (Provérbios 31,26). Essas expressões nos indicam qual a centralidade da missão de educar. À luz dessas palavras, a educação deve favorecer espaços onde a pessoa seja iniciada em processos, a fim de conquistar seu desenvolvimento cognitivo, emocional, espiritual e social, como protagonista de sua existência, educando-se em estilos de vida conscientes e responsáveis

Numa prática educacional em que o novo humanismo é a centralidade, há um amplo exercício do diálogo, um trabalho contínuo para promover a cultura do encontro, um esforço em tecer redes de cooperação para fortalecer uma “revolução da ternura que salvará o nosso mundo que está muito ferido”.


1 PAPA FRANCISCO. Carta Encíclica Laudato Si: sobre o cuidado com a casa comum. Brasília: Edições CNBB, 2015. (Documentos Pontifícios, 22). Disponível em https://www.vatican.va/content/francesco/pt/encyclicals/documents/papa-francesco_20150524_enciclica-laudato-si.html

2 PACTO EDUCATIVO GLOBAL. Instrumentum laboris. Disponível em https://www.educationglobalcompact.org/resources/Risorse/instrumentum-laboris-pt.pdf

Ademais, diante das oportunidades apontadas com esta reflexão, motivam-nos algumas palavras imortalizadas em nossa literatura pelo educador e poeta Rubem Alves: “Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados. O que elas amam são pássaros em voo. Existem para dar aos pássaros coragem para voar. Ensinar o voo, isso elas não podem fazer, porque o voo já nasce dentro dos pássaros. O voo não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado”.3

3 ALVES, Rubem. Por uma educação romântica. 8. ed. Campinas: Papirus, 2009.

Professor Alisson Baraúna
Coordenador da Dimensão Missionária no Colégio Espírito Santo, São Paulo-SP.


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