Na Primeira Carta de Paulo aos Coríntios, o apóstolo Paulo revela o que recebeu “pessoalmente” do Senhor: “Na noite em que foi entregue, o Senhor Jesus tomou o pão e, depois de dar graças, o partiu e disse: ‘Isto é o meu corpo que é para vocês: façam isso em memória de mim’. Do mesmo modo, após a Ceia, tomou também o cálice, dizendo: ‘Este cálice é a Nova Aliança no meu sangue; todas as vezes que vocês beberem dele, façam isso em memória de mim’. Portanto, todas as vezes que vocês comem deste pão e bebem deste cálice, estão anunciando a morte do Senhor, até que ele venha” (1Cor 11,23-26).
A celebração da santa missa, ou Eucaristia, ceia do Senhor, fração do pão, faz memória daquele “evento” acontecido no dia em que o povo de Israel, a cada ano, reunia-se para fazer memória da libertação da escravidão do Egito, atravessando o Mar Vermelho (Páscoa). Jesus, reunido com os Apóstolos, naquela mesma noite, no lugar de sacrificar o cordeiro, tomou o pão e disse: “Isto é o Meu Corpo”.
Participar da santa missa significa e pressupõe participar do mistério pascal, isto é, alimentando-nos do Corpo e Sangue de Cristo, nos tornamos “alimento, comida” para as pessoas. Assim, a celebração eucarística prolonga-se no encontro com o mundo das pessoas famintas de pão, de carinho, de ternura, de dignidade, de justiça, de fraternidade, de comunidade.
Não é o nosso corpo que “alimenta” a irmã, o irmão, mas é o corpo de Cristo que, através de nosso pobre e frágil corpo, transmite a vida divina de Jesus Cristo.
Assim, participar da Eucaristia significa exercer, junto ao sacerdote ministro, o nosso sacerdócio comum como povo de Deus. Quando o sacerdote pronuncia: “Tomai e comei, isto é o meu corpo” e, em seguida, mostra a Hóstia à comunidade reunida, naquele momento, somos convidados a contemplar e repetir, para nós mesmos, com Jesus, “Tomai e comei, isto é o meu corpo”, unindo-nos ao celebrante que reza em seguida: “Concedei que, alimentando-nos com o Corpo e o Sangue do vosso Filho, sejamos repletos do Espírito Santo e nos tornemos em Cristo um só corpo e um só espírito” (Oração Eucarística III).
Podemos, assim, lembrando o Concílio Ecumênico Vaticano II, reafirmar que a Eucaristia é “a fonte donde emana toda a sua força” (SC 536).
Concluindo, podemos fazer memória da celebração da Última Ceia de Jesus com os apóstolos. Nessa ceia, Jesus doou seu Corpo e Sangue, antecipando a morte e a crucificação para libertar a humanidade da escravidão do pecado e da morte eterna, reafirmando a presença do Reino de Deus. Jesus veio para reunir todos os filhos dispersos numa só grande família de “fratelli tutti” (todos irmãos).
Assim, todos nós, que participamos do mesmo pão e do mesmo cálice, somos chamados a construir o Reino da fraternidade universal: essa é nossa missão, e a Eucaristia é alimento necessário e insubstituível para cumpri-la.
Padre Mariano Venzo
Missionário do Verbo Divino, vigário paroquial da Paróquia Nossa Senhora do Rosário, Ponta Grossa-PR.