O tema transversal, escolhido a cada ano pelos educadores da Rede de Educação Missionárias Servas do Espírito Santo, tem grande relevância ao iluminar, por meio dos valores cristãos e humanos, todos os projetos pedagógicos- missionários nas escolas e centros educacionais. No ano em que a Campanha da Fraternidade (CF) traz ao centro a Educação, o lema “Fala com sabedoria e ensina com amor” será o mote de nosso ano letivo.
A educação sempre foi uma das grandes preocupações de educadores, pensadores e da Igreja; por esse motivo, ela volta à pauta neste delicado momento político vivido em nosso país, em que os atuais governantes optaram pelo descaso.
Em 1982 e 1998, a Campanha da Fraternidade já nos chamava a atenção para a relevância do tema. Após 24 anos da última campanha, colhemos muitos frutos, porém ainda não chegamos aonde apontam nossos olhares para a educação que desejamos. Nesse sentido, o objetivo geral da CF nos convida a “promover diálogos a partir da realidade educativa do Brasil, à luz da fé cristã, propondo caminhos em favor do humanismo integral e solidário”.
O diferencial desta campanha é de nos ajudar a olhar, de forma integral, a educação e a vida. Em meio a um momento ainda de pandemia, pensar uma educação integral é pensar uma educação que vai além da sala de aula e que apresente a vida como mestra e educadora. Uma educação que aponte caminhos que, com um olhar misericordioso, levem além do aprofundamento científico, que é muito importante, principalmente em momentos negacionistas, mas que perde o sentido se desvinculado dos valores da vida, capazes de gerar um mundo novo. Nascemos abertos ao aprendizado e é fundamental que entendamos, de uma vez, que não somente a escola formal nos constrói como pessoas, e sim todas as situações que nos humanizam.
Para isso, torna-se imprescindível apontar caminhos que busquem a reflexão/ação sobre políticas públicas, valores, educação humanizadora, o papel da família no processo educativo, a dignidade humana e o compromisso com uma nova economia que coloque a vida no centro, em especial, dos mais pobres.
Pensar novamente sobre a importância da escola de qualidade para todos e da valorização da sabedoria ancestral que sustenta a educação que acreditamos torna-se, outra vez, o grande convite para todos os setores da sociedade, afinal é necessária uma tribo para se educar uma criança, como lembra o provérbio africano.
Por fim, se acreditamos que a qualidade de nossa presença educa e educar é um ato de amor e esperança no ser humano, cultivemos a cultura de encontros marcantes e transformadores, enfim educar é relacionar-se por inteiro.
Agostinho Travençolo Junior
Educador e assessor da Dimensão Missionária da Rede de Educação Missionárias SSpS.