Férias, e agora?

Estamos próximos do fim do ano e, com ele, aproxima-se um período muito importante para os pequenos. Na realidade, importante para pais e filhos, para a renovação familiar.

Muitos de nós passamos muito tempo longe dos filhos, em razão do trabalho. Os filhos estudam em período integral, quer seja na creche ou no colégio, e, dessa forma, muitas vezes, perdemos descobertas que eles fazem, por não estarmos presentes. Falo isso também por conta dos pais que moram longe dos filhos, quer seja por motivo de trabalho ou por novas configurações familiares.
No dia a dia, por mais que nos esforcemos, às vezes, sentimos que poderíamos ter feito mais e melhor, mas o cansaço (dos pais e dos filhos) acaba nos vencendo, e deixamos de estar ao lado daqueles que mais amamos.

Quem de nós nunca chegou ao fim de um dia ou de um fim de semana e pensou: poderia ter feito mais por/com ele (ou eles). Quando conseguimos chegar ao fim do dia ou de semana sem essa sensação, nós nos sentimos muito bem, ao ver que tivemos êxito em não cumprir com um dever, mas em estar presente na vida dos pequenos.

Nesse sentido, as férias vêm para nos ajudar a melhorar nosso tempo com nossos filhos. Mesmo que não possamos estar todo o período a seu lado, o tempo que conseguirmos dedicar a eles deve ser único e exclusivo. Digo isso por minha própria experiência. Sou pai de três belezuras e me incluo em uma nova configuração familiar. Conciliar atividades entre eles (11 meses, 5 anos e 11 anos) requer criatividade, paciência e administração de pequenas “crises” de ciúmes que, pela idade, é natural.

O mais importante é mostrar para os pequenos que as férias são um momento de aprendizagem e conhecimento. Não como na escola, onde muitas vezes ficamos sentados recebendo informação (dependendo do modelo escolar que experimentamos), mas um conhecimento ativo. Conhecendo a si mesmo, seus limites, conhecendo os irmãos, os pais, e os pais conhecendo os filhos. Estabelecendo novas relações ou renovando-as.

As experiências vividas nas férias em família vão ficar registradas para sempre em nossas memórias e vão nos acompanhar e nos ajudar ao longo de toda a nossa trajetória. Por isso a importância de serem muito bem vividas.

Quando falamos em férias bem vividas, para muitos, vem a questão financeira, e aí é que pode ser o fim de uma grande experiência. Mas cuidado! Se você pensa que ótimas férias são sinônimo de “gastação”, você pode estar indo pelo caminho errado. Claro que viajar para fora, conhecer novas culturas e outras coisas mais é muito importante e bem divertido, mas de que adianta fazer isso se a troca de afeto e cumplicidade não acontecer?

Quando criança, nunca viajei com meus pais, mas me lembro de cada passeio pela cidade, brincadeiras inventadas pelo papai. Muitas vezes, a mamãe “brigava”, dizendo que ele era mais criança do que nós…
Uma ida à pracinha, à praia, ao museu e outras tantas coisas que podemos fazer, se bem pensada e com a dose certa de amor, vale mais que tudo. Lembro-me de, muitas vezes, ficarmos sem energia em casa e passarmos bons momentos nos divertindo com as “sandices” inventadas pelo papai. Sombras com a luz da vela, “uma música com a palavra” e “fingir” que a luz chegou, para ver a reação dos outros moradores… Rendiam bons momentos de gargalhada. Na hora de dormir, o melhor era ouvir as histórias dos tempos de criança do papai e da mamãe, e contar para eles o que tinha sido a melhor coisa do dia…

Dentro de minha realidade e possibilidade, tento fazer com meus pequenos um pouco do que tive de meus pais, mas o melhor, aprendi com meus filhos e busco pôr em prática, mesmo ainda que de maneira sutil. Vou tentando aproveitar esse período das férias com mais interação e diversão do que cumprir um cronograma rígido. Dar mais qualidade ao tempo dividido com eles do que quantidade de coisas a serem feitas!

Lembremos que, ao sair de férias, devemos procurar fazer coisas que normalmente não fazemos, esquecer o relógio (claro que do pequenino isso ainda não é possível), deixar as coisas acontecerem a seu tempo. Nada é tempo perdido se estamos juntos e em família!

Alexandre Pinho Britto, bacharel em Teologia e licenciado em Filosofia, coordenador da Pastoral do Colégio Imaculado Coração de Maria, no Rio de Janeiro-RJ.

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *