Folclore ou diversidade cultural?

Quem não participou ou assistiu a alguma festa junina ou ao carnaval, visitou uma feira de artesanato, ou foi a um festival de música ou de dança? Em toda parte do Brasil, há manifestações culturais de várias etnias: indígena, afro ou de influência europeia e asiática. Porém, se as festas, as feiras e os festivais são muito frequentados, por que ainda há desprezo por determinados tipos de cultura, por exemplo, as religiosas ou aquelas de origem afro-ameríndia?

O mês de agosto é de várias datas comemorativas, como os dias do Padre, dos Pais, do Estudante, do Advogado, do Folclore e outras. Destacamos o crescimento do estudo do folclore que levou à organização do I Congresso Brasileiro de Folclore, no Rio de Janeiro, em 1951. O documento emitido nesse evento ficou conhecido como Carta do Folclore Brasileiro e norteou os debates e os estudos sobre o tema durante as décadas seguintes.

No Brasil, em 22 de agosto, comemora-se o Dia do Folclore. Essa data tem o objetivo de conscientizar sobre a preservação e a divulgação da cultura popular brasileira. Foi oficializada em 17 de agosto de 1965, conforme o Decreto nº 56.747. A UNESCO passou a considerar o Dia do Folclore em Patrimônio Cultural Imaterial, que passou a ser incentivado nas escolas.

A palavra inglesa “folk-lore” significa “saber tradicional de um povo”. Foi criada em 1846 pelo escritor e folclorista William John Thoms (1803-1885), quando iniciou os estudos sobre a cultura popular, como mitos, lendas, danças, canções, artesanato e demais manifestações.

Com a evolução dos estudos sobre as várias manifestações populares, a Antropologia (ciência que estuda as culturas) tem aprofundado os estudos de grupos populares da sociedade brasileira, seu jeito de pensar e sentir. A partir daí, a diversidade cultural passou a valorizar não só as manifestações folclórico-míticas, mas também a história dos grupos sociais presentes em nosso País.

O conceito “diversidade cultural” perpassa todas as culturas de um povo ou nação. Ainda há, contudo, muitos desafios a enfrentar relacionados à desigualdade social e ao preconceito, que não reconhecem as diferenças culturais. A inclusão e o respeito devem ser garantidos pelas políticas públicas, como a que foi estabelecida pela Lei nº 10.639/2003 e depois mais bem desenvolvida pela Lei de nº 11.645/2008 nos currículos escolares da educação básica, resgatando a história e a cultura indígena e afro-brasileira. Essas leis garantem o acesso igualitário e a oportunidade de reconhecimento às culturas dos povos originários e afrodescendentes. 

Com o reconhecimento das culturas, a valorização da gastronomia, das festas rurais e religiosas, e dos lugares históricos permitiu crescer o turismo no Brasil. A riqueza da diversidade cultural brasileira está nas diferenças, por isso é fundamental as políticas públicas desenvolverem oportunidades tanto nas periferias das cidades quanto no campo, contribuindo com a identidade brasileira.

Na Declaração Universal dos Direitos Humanos, o artigo 27 estabelece que: “Todo ser humano tem o direito de participar livremente da vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar do progresso científico e de benefícios”. Desse modo, é importante que o Estado distribua verba para as secretarias municipais, para promoverem manifestações artísticas à população, como teatro, cinema, danças, museus, biblioteca, saraus, exposição de pinturas, etc.

O Brasil é pluricultural. Conheça mais as regiões do País. Participe dos movimentos culturais, sociais, religiosos, históricos das cidades, leia sempre, visite museus. Toda cultura tem um conjunto de sistemas simbólicos.

 

Maria Terezinha Corrêa

Antropóloga e filósofa, membro da Comissão de Prevenção e Combate à Tortura (ALESC), líder da Pastoral da Pessoa Idosa.

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