Abordar sobre os impactos do desmatamento da Amazônia não é uma tarefa fácil. É um tema que deve ser analisado com muita atenção, pois, nos últimos 20 anos, tivemos um aumento considerável desse processo de devastação do bioma. Os responsáveis e as forças que conduzem essa prática variam entre partes diferentes da região e ao longo dos tempos. Pode-se resumir, em geral, que são os grandes e médios fazendeiros, mas os pequenos agricultores também têm papel de destaque nesses processos.
Se analisarmos desde o fim do século XIX, pode-se identificar alguns elementos que ajudam a entender as ocupações do território da Amazônia, como a grande influência da exploração e a produção da borracha no mercado internacional no passado, atualmente o grande número de áreas de extração ilegal de minérios.
A Floresta Amazônia é a maior floresta tropical do mundo e se encontra situada em vários países sul-americanos. Tem grande papel no que se refere à regulação do clima, no ciclo das chuvas da América do Sul e de algumas outras partes do planeta. Quando ela sofre com o desmatamento, ela perde sua capacidade de atrair umidade e reciclar a água da chuva, além de redução no processo hidrológico. Isso torna o clima mais seco e quente, afetando a economia, a geração de energia hidrelétrica e a biodiversidade.
Alguns modelos sugerem que, até o ano de 2060, as temperaturas da região terão um aumento de 2 ºC a 3 ºC, sendo a floresta responsável por levar chuvas para outras regiões do Brasil através dos rios voadores (cursos d’água atmosféricos que carregam a umidade gerada na floresta e depois viram chuva). Se tivermos a manutenção do processo de desmatamento, as consequências serão alarmantes, como a diminuição das chuvas e períodos de seca maiores nas regiões Sudeste e Centro-Oeste.
Nessa análise, precisamos indicar mais um dado agravante. A NOAA (Administração Oceânica e Atmosférica Americana), em suas previsões no mês de maio de 2023, indicou 90% de chance de ocorrer o fenômeno climático chamado El Niño (aquecimento do Oceano Pacífico) no segundo semestre deste ano, podendo intensificar a temporada de incêndios, com perspectivas devastadoras.
A ocorrência do desmatamento contínuo da Floresta Amazônica nos últimos anos e o aquecimento global evidenciam que a floresta deixou de absorver para emitir dióxido de carbono (CO2), influenciando diretamente no clima do planeta. Assim, o desmatamento da Amazônia não afeta somente a biodiversidade da região, e sim o clima global, aumentando a emissão de gases do efeito estufa e auxiliando na perda da biodiversidade.
Precisamos de medidas práticas e efetivas para zerar o desmatamento da Amazônia, como o aumento da fiscalização ambiental, a criação de mais unidades de conservação, demarcação de terras indígenas, entre tantas medidas que se fazem necessárias. Como falamos no início, o tema é complexo, contudo precisamos dialogar com a sociedade, buscando soluções emergenciais.
Michael Nascimento Costa
Docente titular das disciplinas de Geografia e História no Colégio Espírito Santo, em Canoas-RS.