Minhas fotos impressas grudaram umas nas outras, e perdi todas.
Também perdi arquivos de fotos que mantinha em disquete.
Meu CD com fotografias sacadas da câmera digital não abre mais.
Meu pendrive se desconfigurou, e de lá também nada sobrou.
As impressões da câmera instantânea tipo Polaroid se esvaíram.
O HD externo se extraviou na mudança.
Não me pergunte o que eu fiz, mas até os arquivos “salvos na nuvem” não existem mais.
Parece uma mensagem divina vinda de diferentes formas e perrengues.
Variações do mesmo tema, em diferentes tempos.
Uma coletânea de memórias vividas que se apagou, embora tenham restado alguns registros fotográficos…
Outra coletânea de memórias, vividas com leveza de quem escolheu viver sem pressa, nunca se apaga.
Naquelas fotos grudadas, uma das cenas registradas era um dia de piquenique no parque, quando levamos milho para os patos e uma arara fez um voo rasante sobre nós.
Em cada dispositivo desses, a memória apagada de festinhas de aniversários, cujas doçura e delicadeza da presença ainda estão fortes na lembrança.
A cena daquele pôr do sol, as luas cheias, a primeira foto na maternidade, as jabuticabas no vaso, os filhotes de hamster, o gesso no braço, o dente quebrado, o primeiro voo, o trote na universidade, as infinitas festas juninas e apresentações do coral, os tapetes da procissão, os drinks, a mesa posta, a primeira mesa de trabalho, a poeira na estrada, a pose no casamento, a foto de família, das amigas e amigos, os incêndios na serra, o primeiro dia de aula e tudo mais agora são registros vivenciados que moram para sempre na memória.
A força do vivido é indelével, “inapagável”.
A leveza de um cotidiano marcado por escolhas que privilegiem a convivência, a intensidade, o riso fácil, a proximidade com a natureza, a calmaria, o tempo livre ficam arquivadas para sempre!
Cuide de criar memórias.
Maria José Brant (Deka)
Assistente social, analista de Políticas Públicas na Prefeitura de Belo Horizonte-MG, mestra em Gestão Social e mosaicista nas horas vagas.