De repente, você se encontra irritado com pessoas que você considera lentas de raciocínio e de atitudes. É como se você fosse um carro na estrada com capacidade para correr até 200 km/h, mas tivesse de acompanhar outro carro que está correndo a 30 km/h.
Pode ser também que você tenha tido insônias inexplicáveis, muito suor nas mãos e na fronte, o coração tenha acelerado facilmente. A pressão arterial não baixa mais. Surge subitamente um aperto no peito, sem explicação. Uma agonia, um medo irracional, uma tremedeira, náuseas. Talvez nada o satisfaça no dia a dia, e a vida tenha se tornado um tédio. Em casos mais graves, até o cabelo começa a cair.
Então a “solução” é descontar na comida para preencher um vazio físico e psicológico. O cigarro surge como um paliativo, assim como a bebida alcoólica e outros vícios. Pode ser ainda que, para amenizar sua dor, você começa a se ferir com objeto cortante.
Se você se identificou com muitos dos sintomas acima, é possível que você esteja com o transtorno de ansiedade, em nível médio, moderado ou grave.
A princípio, a ansiedade é saudável. Na vida, precisamos de certo nível de ansiedade. Sem ela, seríamos pessoas lentas, entediadas, sem criatividade, passivas, preguiçosas. No entanto, ela se torna um transtorno quando afeta nossa saúde mental e nosso convívio social.
A ansiedade tem sido considerada o mal do século. Só no Brasil, cerca de 9,3% da população sofre de algum transtorno de ansiedade, liderando o ranking das nações mais ansiosas do mundo, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Ela pode ainda ser definida como excesso do amanhã e ausência do hoje.
“A ansiedade se torna doentia quando assume sintomas psíquicos negativos contínuos e intensos, como irritabilidade, humor depressivo, angústia, baixo limiar para frustrações, fobias, preocupações crônicas, apreensão contínua, obsessão, velocidade exacerbada dos pensamentos”, segundo o psiquiatra, professor e escritor Augusto Cury. Ele atribui as causas da ansiedade a vários elementos: estilo de vida, ambiente, relações sociais, fatores socioeconômicos, etc.
Alguns tipos de ansiedade
- Ansiedade socioprofissional: provocada pelo excesso de trabalho, pressões, cobranças, metas inalcançáveis, ofensas, medo do futuro, crise política, dificuldades financeiras, pressão nas provas escolares. Vivemos frequentemente em famílias ansiosas, empresas ansiosas, escolas ansiosas.
- Ansiedade causada pelo estilo de vida moderno: decorrente do trabalho intelectual intenso, tempo prolongado diante da tevê, excesso de informações (mas não de formação), excesso de preocupação, excesso do uso de smartphones e da internet, consumismo, necessidade neurótica de poder, de evidência social, de preocupar-se com a estética.
Sugestões para amenizar a ansiedade
- Escreva seus pensamentos e sentimentos (crianças, jovens e adolescentes).
- Faça uma coisa de cada vez.
- Abandone a necessidade de controlar tudo.
- Faça exercícios físicos.
- Trabalhe a respiração.
- Concentre-se no presente.
- Viaje para outro ambiente, interior… (quando possível).
- Mudança de hábito em relação à comida e à bebida.
- Sintomas físicos: exercícios físicos, meditação.
- Psicoterapia: procure o profissional mais adequado para você.
- Ajuda médica.
- Desenvolva a assertividade e delegue tarefas.
- Cultive habilidades sociais de amizade, retomando a vida social.
- Lembre-se: descanso é diferente do lazer.
Conselho de Jesus
Sugestão de leitura bíblica do maior psicólogo que já existiu, Jesus Cristo (Mateus 6,24-34):
“Ninguém pode servir a dois senhores; pois, ou odiará um e amará o outro, ou será fiel a um e desprezará o outro. Vós não podeis servir a Deus e ao dinheiro.
Por isso eu vos digo: não vos preocupeis com vossa vida, com o que havereis de comer ou beber; nem com o vosso corpo, com o que havereis de vestir. Afinal, a vida não vale mais do que o alimento, e o corpo, mais do que a roupa? Olhai os pássaros dos céus: eles não semeiam, não colhem nem ajuntam em armazéns. No entanto, vosso Pai que está nos céus os alimenta. Vós não valeis mais do que os pássaros? Quem de vós pode prolongar a duração da própria vida só pelo fato de se preocupar com isso?
E por que ficais preocupados com a roupa? Olhai como crescem os lírios do campo: eles não trabalham nem fiam. Porém, eu vos digo: nem o rei Salomão, em toda a sua glória, jamais se vestiu como um deles. Ora, se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã é queimada no forno, não fará ele muito mais por vós, gente de pouca fé?
Portanto, não vos preocupeis, dizendo: ‘O que vamos comer? O que vamos beber? Como vamos nos vestir?’. Os pagãos é que procuram essas coisas. Vosso Pai, que está nos céus, sabe que precisais de tudo isso.
Pelo contrário, buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão dadas por acréscimo.
Portanto, não vos preocupeis com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã terá suas preocupações! Para cada dia bastam seus próprios problemas.”
Aparecido Luiz de Souza
Psicólogo (CRP 08/149) e missionário da Congregação do Verbo Divino. E-mail cidosouza1@hotmail.com.