Eu entrei nesse mundo missionário muito cedo, no meu primeiro ano do ensino médio, com apenas 15 anos. Participei da Missão Sem Fronteiras, organizada pelas missionárias servas do Espírito Santo, em parceria com as escolas da rede. Para ser sincera, eu estava perdida, tanto espiritualmente quanto mentalmente, mas o convite veio como uma luva. Aceitei passar três dias em um lugar onde nunca tinha estado, sem saber exatamente o que iria fazer lá.
Hoje, olhando para trás, percebo que foi a melhor escolha da minha vida. Acredito firmemente que eu não seria quem sou hoje se não tivesse vivido aquela experiência missionária. Foi um verdadeiro choque de realidade: observar as dores da sociedade, escutar quem precisa ser escutado e, acima de tudo, espalhar o amor.
Voltei da missão renovada, com uma nova perspectiva de vida, mas ainda sentia que algo faltava. Ir a um lugar e tentar melhorar, ao menos um pouco, a realidade do próximo não era suficiente. Eu precisava fazer mais. Não conseguia me conformar com a realidade que tantas pessoas enfrentam no Brasil e no mundo.
Foi então que outra oportunidade bateu à minha porta: participar de um grupo de jovens missionários. E, é claro, eu aceitei.
Nesse momento, percebi que minha vida havia mudado. Passei a me dedicar completamente para que esse projeto desse certo. Ajudei a criar um grupo de jovens que hoje conta com mais de 50 integrantes. Eu queria ajudar (eu precisava ajudar), como se algo dentro de mim tivesse despertado. E eu estava amando conhecer esse novo lado meu.
São quase dois anos de projeto, e posso afirmar com todas as letras: minha vida foi transformada de dentro para fora. Espero, do fundo do coração, ter feito a diferença na vida de alguém; ter sido reflexo de algo bom para alguém, nestes dois anos, agora que estou me despedindo desse projeto que tanto amo.
Finalmente, cheguei ao meu último ano do ensino médio. Foram três anos de ações missionárias. E, neste ano, tive outra oportunidade: participar da minha última Missão Sem Fronteiras. Foi difícil aceitar que seria a última. Não foi fácil dar adeus a esta etapa da minha vida e, principalmente, à presença constante da Juventude Missionária. Ainda assim, eu fui. Foram mais três dias transformadores que ficarão marcados em mim, para sempre.
Desta vez, porém, foi diferente. No fim da missão, senti algo novo: a certeza de que cumpri meu papel naquele lugar. Ajudei o máximo de pessoas que pude e deixei um grupo maravilhoso, pronto para enfrentar novos desafios e continuar espalhando o bem. Meu coração estava cheio de alegria.
Agora estou aqui. As ações missionárias mudaram a minha vida. Saio do Colégio Espírito Santo com a certeza de que quero, para sempre, ajudar o próximo. Já decidi o que cursar na graduação: Ciências Sociais ou Relações Internacionais. Quero ouvir e ajudar quem não tem essa oportunidade.
Esses foram os melhores anos da minha vida. Tenho certeza absoluta de que deixarão marcas em mim para sempre. E, mais importante do que isso: sei que também deixarei marcas na vida de outras pessoas.
Maria Julia Travençolo da Silva
Aluna do 3º ano do ensino médio, no Colégio Espírito Santo, em São Paulo-SP.