Menção honrosa aos povos originários

No mês de abril, há muitas datas comemorativas, como o Dia Mundial da Saúde, o Dia do Livro, o dia dedicado aos povos originários, o Dia de Tiradentes, o Dia do “Descobrimento” do Brasil, entre outros.

Em nossa sociedade brasileira, não é de hoje que há lutas das minorias reivindicando direitos e combatendo desigualdades. Nesse sentido, destacamos os povos originários, que enfrentam conflitos até os tempos atuais. Com a chegada dos europeus à América do Sul, em particular ao Brasil, havia mais de 5 milhões dessa população. Depois de tantos massacres, hoje existem cerca de 1,7 milhão desses brasileiros (Censo de 2022), divididos em aproximadamente 300 etnias. Como exemplo, os Enawenê, os Guajajara, os Guarani, os Ianomani, os Kaiapó, os Macuxi, os Paratintin, os Pataxó, os Terena, os Torá, os Tucano, os Xavante, os Zoé, e tantos outros. 

Desde os anos de 1500, os povos originários sofrem com a escravização e a invasão de suas terras. Com a redemocratização, em 1988, a conquista da representatividade dos indígenas no Congresso Nacional foi, em Brasília, uma etapa muito importante para a democracia brasileira. O jovem Ailton Krenak, que participou como parlamentar, durante a Constituinte, em defesa dos indígenas brasileiros, pintando o rosto de preto numa das sessões da vida política. No mesmo período, também o cacique Juruna foi um dos protagonistas naquele tempo, carregando sempre um gravador para registrar as falas do “homem branco” (pois nem sempre este cumpre com a palavra). 

Com a comemoração dos 500 anos da chegada dos europeus à América, em 1992, o destaque aos povos originários passou a ser relevante para a discussão da necessidade de inclusão da História e da Cultura Afro-brasileira e Indígena na educação básica. Isso passou a ser obrigatório pela Lei nº 11.645, de 10 de março de 2008.

Os estudos antropológicos das diversas etnias, o trabalho de preservação da cultura indígena pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), a inserção do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e organizações não governamentais, como a Opan (Operação Amazônia Nativa), permitiram o reconhecimento da pluralidade étnica existente em nosso país e o destaque a vários líderes, como Ailton Krenak, Davi Kaponema Yanomami, Raoni Caiapó, Daniel Mundukuru, Célia Xakriabá, Sônia Guajajara, entre outros.

Como autores de livros, atores, atrizes, filósofo, parlamentares, representante das mulheres indígenas na ONU, xamã, líderes políticos, todos eles têm um mesmo objetivo em suas entidades: reivindicar a demarcação das terras indígenas, o respeito ao meio ambiente, preservação das florestas a partir da ajuda mútua e etnodesenvolvimento.

Com o novo membro da Academia Brasileira de Letras, o filósofo Ailton Krenak, torna possível que o mundo sensível e o mundo inteligível caminhem lado a lado, desenvolvendo, assim, uma filosofia de vida e de luta propriamente dos povos originários que sempre respeitaram, desde seus ancestrais, a Mãe Terra.

Uma menção honrosa ao filósofo brasileiro Ailton Krenak e a todas e todos os indígenas e simpatizantes das suas lutas e conquistas de seus direitos como cidadãos, que buscam, na simplicidade e na sinceridade de suas palavras, justiça, vida e paz.

 

 

Maria Terezinha Corrêa

Mestranda em Filosofia, antropóloga, especialista em Ensino de Filosofia, graduada em Filosofia e Pedagogia, filiada à ABA, APEOESP, SBPC, Sintram, Aproffib, agente da Pastoral da Pessoa Idosa e professora de Filosofia na rede pública da Prefeitura de São José-SC.

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