Mindfulness”: a arte da atenção plena

O fim do ano se aproxima. Na Igreja, celebra-se o tempo de espera, chamado Advento. Depois virá o Natal, o réveillon. Dezembro e janeiro são marcados por muitas festas, confraternizações, passeios, férias. Haverá muitas reuniões de amigos e parentes. Muita gente estará presente fisicamente, mas será que, de fato, estará presente?

Haverá sempre aquela pessoa que estará apenas fisicamente ali em cena, porque a mente estará divagando sabe-se lá por onde. Em tempos de ansiedade, algumas mentes estarão pensando na próxima refeição, no dia seguinte, no ano seguinte… Alguns estarão conversando de olho no celular. Muitos estarão conversando com alguém à sua frente, mas, ao mesmo tempo, observando o celular, navegando pelo Youtube, Facebook, Instagram, Twitter, TikTok, Kwai, etc. Cada sinal sonoro de notificação será capaz de interromper até mesmo a melhor experiência de convivência física. A melhor conversa, a melhor partilha, a melhor atividade, a melhor refeição.

Quanto a você: já esqueceu o nome de alguém minutos após ser apresentado a essa pessoa? Muitas vezes, você já leu uma página da Bíblia ou de um livro e teve de voltar ao início da página porque já esquecera o que estava escrito no início? Já teve de usar o controle remoto para voltar o filme, porque você estava olhando, mas não estava assistindo às últimas cenas? Mais de uma vez, você já se distraiu numa missa, como celebrante ou como participante, e se perguntou se já tinha rezado uma determinada parte da liturgia? Já rezou o terço no automático, pensando nos afazeres logo após? Quantas vezes você tomou um suco ou comeu alguma comida sem observar o sabor? Já conversou com alguém olhando para o relógio ou bocejando durante a conversa?

Se mesmo estando bem de saúde isso acontece com você frequentemente, eu o convido a pensar comigo sobre o significado de mindfulness. Em inglês, essa palavra significa atenção plena. Sugere estar atento, ter atenção e lembrar; estar alerta a todo o momento; manter nossa consciência viva para a realidade presente; estar clara e determinadamente alerta ao que realmente nos acontece em momentos sucessivos da percepção, ou seja, “sair do piloto automático”.

É uma ferramenta muito útil na psicoterapia. Dá importância ao momento presente. É muito usada também na meditação. Na prática terapêutica, chama a atenção para a necessidade de estar por inteiro diante do paciente. Na prática pastoral, seja por parte dos religiosos, missionários, confessores, diretores espirituais, seja por parte das lideranças e coordenações leigas de comunidades, pastorais, grupos ou movimentos, esse conceito nos lembra do cuidado que deveríamos ter para com o outro diante de nós. É tratar a pessoa diante de você como se fosse o próprio Jesus.

Esse conceito tem sido usado ultimamente, com frequência, para controlar a ansiedade, o estresse, a depressão e até a obesidade. Tem chamado a atenção também para a necessidade de sentirmos autocompaixão.

Como podemos exercitar a atenção plena? Uma prática formal necessita da ajuda de um profissional de Psicologia. No entanto, práticas informais são possíveis, como o treinamento diário dos cinco sentidos (audição, visão, tato, olfato e paladar). Assim, dando atenção ao caminhar, ao comer, ao meditar, ao dirigir, ao ouvir o outro. Até mesmo olhar para nós mesmos e sermos mais compassivos com nossos próprios limites, problemas, incapacidades, medos e frustrações. Por que somos compassivos com os outros e rígidos com nós mesmos?

Vale a pena pesquisar mais sobre o assunto.

Pe. Aparecido Luiz de Souza, SVD
Psicólogo.

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