Em razão do aumento da ocorrência de sintomas como ansiedade, depressão e estresse na Contemporaneidade, fez-se necessária a incorporação de uma técnica não tradicional à medicina do Ocidente. Com isso, programas baseados em mindfulness foram desenvolvidos para que pudessem aplicar sua técnica, de uma maneira simples e não rigorosa, no cotidiano das pessoas, a fim de se tornar um recurso terapêutico não convencional.
O mindfulness é uma técnica que teve origem na cultura budista e, como já mencionado anteriormente, foi incorporado na medicina tradicional ocidental, enquadrando-se nas terapias cognitivo-comportamentais. Um aspecto importante a ser considerado é que o principal ponto defendido pelo mindfulness, de maneira simplista, é a detenção da atenção no agora e não em situações passadas ou cenários hipotéticos do futuro (como ocorre na maioria dos distúrbios psicológicos), de maneira que o indivíduo consiga viver no momento presente.
Além disso, um dos pilares dessa técnica é a aceitação de todos os sentimentos que a pessoa venha a ter, de modo que ela se possibilite sentir de raiva a alegria, de maneira que ela não tente evitá-los ou então modificá-los. O mindfulness ensina o indivíduo a assumir, sempre, uma posição curiosa e sem julgamentos perante seus pensamentos e emoções.
A partir dessa análise, o praticante consegue identificar as “situações-gatilho”, ou seja, as que automaticamente e inconscientemente despertam uma determinada emoção no indivíduo, a qual pode ser a causadora da ansiedade ou então da depressão, por exemplo.
Com isso, as terapias baseadas em mindfulness buscam modificar a maneira como o cérebro do indivíduo reage a esses estímulos, isto é, as respostas emocionais reativas, e promover um pensamento racional que permite que o indivíduo consiga pensar antes de responder às situações-gatilho. Isso promove a modificação da fisiologia cerebral, pois os estímulos constantes fazem com que o cérebro se readapte, por exemplo, por meio do fortalecimento do córtex pré-frontal, o qual relaciona-se com a racionalidade.
Um exemplo prático foi o programa MindUp, que usava, no cenário escolar, uma terapia baseada em mindfulness conhecida como MBSR (mindfulness-based stress reduction). Em virtude da cobrança de amadurecimento precoce das crianças, elas não são educadas a lidar com suas emoções e sentimentos, o que pode ser um fator limitante em sua convivência social. Como resultado dessa pesquisa, o grupo de crianças que participaram do programa, quando comparadas com o grupo de controle, apresentaram uma diminuição significativa no tempo de resposta às atividades propostas, o que demonstra que o MBSR facilitou a concentração das crianças nas tarefas. Além disso, houve nos alunos uma diminuição dos sintomas depressivos e ansiosos, assim como um aumento em sua empatia, otimismo e, principalmente, em seu controle emocional.
O mindfulness, apesar de ser um campo de estudo recente, demonstra resultados semelhantes e, em alguns casos, até mesmo equivalentes aos tratamentos tradicionais com medicamentos, o que é um bom indicativo no caso de pessoas que o buscam como uma forma de terapia. Vale ressaltar, ainda, que ele também pode ser utilizado como ferramenta de melhoramento de qualidade de vida, adequando-se às necessidades do paciente.
Caso fosse incorporado no cotidiano das pessoas, o mindfulness as auxiliaria a viver plenamente o agora, assim como a diminuir suas reações emocionais, o que contribuiria para uma vida mais equilibrada.
Mariana Veiga é aluna da 3ª série do ensino médio do Colégio Espírito Santo, em São Paulo-SP.