MLDUT: missionários leigos assumem sua vocação

A Igreja no Brasil dedica todo o mês de agosto às vocações e destaca, a cada semana, uma vocação específica. Assim, no início do mês, celebramos o Dia do Padre e o chamado ao ministério ordenado (bispo, padre e diácono). Depois veio a Semana da Família, aprofundando a vocação ao matrimônio e, na sequência, a Semana da Vida Religiosa Consagrada. No quarto domingo, lembramos o Dia do Catequista e, nesta semana, ressaltamos a vocação laical.

Em nossa congregação, desde sua origem, Santo Arnaldo Janssen, nosso fundador, sempre valorizou a participação dos leigos, tanto que promovia retiros espirituais para os leigos e leigas. Em nossa Casa-Mãe, em Steyl, as irmãs desocupavam seus quartos e iam dormir no sótão, para acolher as mulheres que vinham para os retiros.

Ao longo dos anos, em torno das irmãs, foram surgindo grupos e associações laicais que buscavam vivenciar nossa espiritualidade e colaborar em nossa missão. Em 1921, surgiu a Liga Auxiliar do Espírito Santo e, em 1957, a Associação do Espírito Santo. Em 1978, essas duas organizações se fundiram, dando origem à Associação Missionária do Espírito Santo, a AMES, que se desenvolveu em diversos países, buscando unir espiritualidade e ação social.

No Brasil, a AMES teve início em 1982, em Guarapuava-PR, e vários grupos foram se organizando. Entre as duas províncias das missionárias servas do Espírito Santo (SSpS), a Associação chegou a ter quase 4 mil membros. Depois da 1ª Assembleia Internacional da AMES, em 1990, os grupos no Brasil passaram a ser chamados Missionários Leigos de Deus Uno e Trino (MLDUT). Atualmente se organizam em grupos que se encontram mensalmente para formação, oração e partilha de vida. Também contribuem com a missão, de acordo com suas possibilidades.

Em nossa Província Stella Matutina, acompanho os grupos de MLDUT como orientadora espiritual. Visito periodicamente cada um dos grupos e apoio na formação e no aprofundamento de nossa espiritualidade. Também estou ao lado da equipe de coordenação, formada por representantes dos vários grupos.

Neste período de pandemia, tivemos de cancelar as visitas, e cada grupo está dando continuidade mais por contatos via WhatsApp e, onde é possível, por reuniões on-line. Sempre entro em contato para conversar com as coordenadoras e ver como o grupo está caminhando.

Fico impressionada como a pandemia, ao contrário do que se poderia supor, fez surgir um dinamismo completamente novo e outras formas de engajamento. Entre as missionárias leigas dos grupos, temos quem está aproveitando as redes sociais para promover a evangelização, a partir das pastorais paroquiais, outras organizando reuniões on-line, momentos orantes ou mesmo lives.

Aqui trago o depoimento de Maria da Conceição Roberto Gonçalves, mais conhecida como Lia, uma das missionárias do grupo de Funilândia-MG. Ela conta como está vivendo este tempo de pandemia. Pela declaração dela, gostaria de homenagear a cada um e cada uma de nossos MLDUT, pelo testemunho de fé e doação no assumir a vocação laical.

Valorização do essencial

Maria da Conceição Roberto Gonçalves, mais conhecida como Lia.

“Neste tempo de isolamento social, estou estudando o Novo Diretório da Catequese, participando de algumas missas na comunidade, quando nosso ministério de música é responsável pelo canto, assistindo às transmissões da missa da paróquia, de Aparecida, e limpando semanalmente a Igreja, com uma equipe.

O seio familiar, graças a Deus, sempre foi bem unido. Partilhamos tudo. Apesar do isolamento social, marido e filhos estão trabalhando.

Meu tempo está dividido com os cuidados com a família, orações, descanso, meditação, curso sobre “Crimes cibernéticos: os principais riscos e técnicas básicas de prevenção”, e aprendendo novas partituras musicais.

Um olhar para o mundo: pelos impactos dessas mudanças, darão mais valor ao convívio familiar, na valorização do essencial, levando a que se repensem hábitos de consumo, a prática da solidariedade mais evidente, a perceber quais valores estamos colocando à frente de nossas vidas, o crescimento na confiança do amor providencial de Deus.”

Irmã Heloise, Cláudia Matos, SSpS, membro do Conselho Provincial, pedagoga e psicóloga, faz parte da Dimensão Missionária das Escolas e é orientadora espiritual dos grupos de MLDUT.

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