Sou um pedaço do mundo
O mundo é um pedaço de mim
Sou braço, colo e abraço
Sigo intuição e metas
Sou vazio e solidão
De repente, sou lágrima e dor, alegria e rancor, compaixão e paixão
A paz e a guerra habitam em mim
A esperança e a força bruta correm nas minhas veias
Acredito no que não vejo e não creio em muita coisa que insisto em enxergar
Escuto pássaros nos locais menos improváveis
Aprecio o choro de quem se banha de lágrimas para (re)nascer
A vida pulsa em mim e, para seguir viva, também pulsa no Universo
A fé me cobre nos caminhos mais íngremes
Eu nunca estou só
Sou filha, mãe, neta, bisneta, irmã, prima, amiga
Somos muitas
Sei ser pá, terra e semente
Sei ser paz e compaixão, e indignação
Aprendo a ser cerca e me afasto
Sou mulher, sou “humananidade”
Enxergo o mundo pela lente do amor, vejo dores, sinto sabores, dissabores e odores.
Devolvo conchas para o mar e deixo as pedras rolarem
Sou corrente elétrica, tenho correntes em mim
Abro portas e janelas para a vida me levar, e para (tentar) ir aonde quiser
Aprendi a atirar pedras no leito do rio, para formar círculos infinitos
Nasço mulher, acordo mulher, durmo mulher
Há mulher em mim que se cala e tem medo
Tem mulheres caladas para sempre, na ironia de quem se acha mais e é menos
Sou mulher, realizo, destruo, construo e desconstruo o que querem de mim
Na matemática da vida, lido com equações, divisões, somas, subtrações e multiplicações, em possibilidades infinitas
Sou o que quiser, somos os quereres de muitas mulheres
Somos mulheres
Sou mulher
Sou um pedaço do mundo
O mundo é um pedaço de mim
Maria José Brant (Deka), assistente social, analista de políticas públicas na Prefeitura de Belo Horizonte-MG, mestra em Gestão Social, mosaicista nas horas vagas.