De repente, saímos à rua e vemos os enfeites de Natal, e só então nos damos conta de que mais um ano se passou e já estamos com tudo atrasado para as festas de fim de ano. Passado o susto inicial, vêm reflexões como “mais um ano que termina, e não fiz um terço do que tinha me proposto”; “o Natal e as férias estão chegando, e não organizei nada; jurei que este ano seria diferente!”, e assim vai. Frustrações, ansiedades, expectativas se mesclam com lembranças, saudades e sentimentos de solidão para alguns. Tudo isso é sinônimo de estresse.
Importantíssimo lembrar que só podemos mudar efetivamente o que depende de nós. E, para isso, precisamos mudar paradigmas. Assuma, por exemplo, que aquela prima que sempre diz que ajudará você a preparar a festa e sempre se atrapalha não mudará, então pare de esperar pela ajuda dela e assuma o que apenas depende de você fazer. Assuma também que o dia somente tem 24 horas e que você tem limites de ação. Aprenda a delegar coisas e, se não fizerem, não se fez e pronto. Simplifique sua vida.
De nada adianta fazermos tudo o que cremos que deve ser feito e chegarmos exaustos ao Natal. A palavra crise vem do grego krisis, que significa julgar, selecionar. Então avalie e selecione o que você tem como prioridade e o que pode fazer sem se exaurir.
Santo Agostinho já recomendava as reflexões diárias como método de autoaprimoramento e evolução da consciência, então vamos lá. Sem a consciência da necessidade da mudança de atitudes e paradigmas, nada muda. Em Programação Neurolinguística (PNL), dizemos que “loucura é fazermos sempre a mesma coisa esperando resultados diferentes”. Fomos criados numa sociedade que nos cobra acertarmos sempre, fazermos tudo sempre perfeito, sermos sempre vencedores, e a realidade da vida não é essa; somos apenas seres humanos com possibilidades e limites. A cada vez que um leão sai para caçar, sete vezes volta com fome. A vida é assim, e precisamos encarar as realidades.
Observe a si mesmo e verifique o que lhe traz conforto e desconforto. Use isso como referência de autorrespeito. Não é egoísmo, é autorrespeito. O dinheiro está curto? Então não comprarei presentes e já avisarei a todos. Estou muito cansado, cansada? Então não farei aquele peru que preparo todos os anos e todos adoram, vamos comprar pronto, por exemplo. Simplifique, faça essa experiência. Você vai se surpreender com os resultados.
Deixemos então falsas expectativas de lado, sejamos realistas e selecionemos o que é possível e prioritário. Também em PNL aprendemos que o cérebro se organiza melhor quando fazemos planos por escrito. Não é lista no celular, é escrever mesmo, num papel, e se dando prazos. Como “até dia tal, estarei com tais coisas resolvidas e, para isso, preciso priorizar isso e aquilo”.
Outra coisa que ajuda muito no gerenciamento do estresse, em qualquer época, é o ato de prestarmos atenção em nós, em cada momento, intencionalmente, especialmente observarmos nossa respiração. Essa simples e eficaz técnica faz parte do repertório de atitudes orientais para a saúde, que são as chamadas práticas meditativas. Há milênios que a sabedoria oriental tem muitas práticas para a saúde e que, apenas há poucas décadas, o Ocidente vem olhando e aproveitando.
Você pode parar para fazer essa observação de sua respiração regularmente, todos os dias, durante cinco a dez minutos, sempre no mesmo horário, de preferência; por exemplo, ao acordar ou antes de dormir, ou no intervalo do almoço, e então simplesmente observar a respiração, o ar que entra e que sai e, muito importante, observar as sensações que vêm enquanto você observa a respiração. Quando os pensamentos vierem, deixe que passem como nuvens levadas pelo vento e volte a prestar atenção na respiração, apenas isso. Fique nessa prática enquanto estiver confortável ou pelo tempo que você tiver disponível, também em qualquer momento do dia em que você estiver muito ansioso, irritado, estressado, como na enorme fila do supermercado. Você pode se desligar do entorno e simplesmente, por um ou dois minutos, observar sua respiração com atenção. Essas pequenas pausas ao longo do dia acalmarão sua mente e melhorar todo o funcionamento cerebral. Assim você ficará mais produtivo, produtiva. Experiente e verá.
Quando puder, faça também planos para o ano que virá, faça isso por escrito, olhando um calendário, escrevendo o que quer, como agirá para chegar lá, ou seja, quais estratégias usará, quais recursos já tem para alcançar a meta, quais lhe faltam e que prazos terá. Isso também aliviará o estresse que surge ao pensar no novo ano que está chegando.
Se, nesta época, você se sente nostálgico, solitário, então é hora de se engajar em uma obra filantrópica e levar seu carinho e atenção aos que precisam mais que você, exercendo assim o mais puro espírito cristão. E por falar em espírito cristão, lembremo-nos sempre da finalidade essencial do Natal, que é o nascimento do Cristo. Pense: como posso, nesta época, sintonizar minha alma com o Cristo? Que práticas espirituais diárias podem ser feitas para cultivar o espírito cristão diariamente até a chegada do Natal?
Cinira A. Palotta
Bióloga, pós-graduada em Cuidados Integrativos (Departamento de Neurologia da Unifesp), professora de Ioga, mestra em PNL e terapeuta em florais de Bach.