A Plataforma de Ação Laudato Si’ atende ao convite feito pelo Papa Francisco para cuidar da casa comum: a Terra. Sua função é contribuir com a “reflexão na ação”, com o fomento do diálogo e do debate civilizado orientado às mudanças coletivas, considerando como centrais relacionamentos, interconexões, a vida das espécies e do planeta. A plataforma segue o modelo do Movimento ODS (sigla de “Objetivos de Desenvolvimento Sustentável”).
Os objetivos elencados pela Plataforma são sete:
- Resposta ao clamor da terra;
- Resposta ao clamor dos pobres;
- Economia ecológica;
- Adoção de estilos de vida sustentáveis;
- Educação ecológica;
- Espiritualidade ecológica;
- Resiliência e empoderamento da comunidade.
Foram eles que orientaram algumas das abordagens conduzidas mensalmente em 2024. Sete é um número simbólico. Por isso, no último texto do ano, listamos sete pontos que merecem atenção quando se trata de transições coletivas:
Ponto 1: somos mais de 8 bilhões de pessoas habitando o planeta. Nosso comportamento individual sobre as condições da vida na Terra pode parecer insignificante, mas, quando multiplicamos esse impacto, os resultados das ações coletivas mudam radicalmente.
Ponto 2: herdamos uma tradição de pensamento que situa como sagrada a vida humana e não a do planeta. Essa mentalidade orientou o mundo que construímos, e o atual processo de comunicação fundamentado em algoritmos produz bolhas de informação, limitando o diálogo e a constituição de consensos tão necessários para o bem comum.
Ponto 3: catástrofes ambientais sinalizam que produtividade centrada no lucro precisa dar lugar à preservação de condições de vida para as gerações futuras.
Ponto 4: devemos encontrar um meio de superar as fronteiras artificiais que separam nossos corpos das cidades, das organizações e da natureza.
Ponto 5: precisamos preservar e celebrar santuários como a floresta, o ar, o mar e o ventre da terra. A noção de que a natureza é um repositório à nossa disposição, sem qualquer valor ou direito próprio, gerou a crise ecológica em que nos encontramos hoje.
Ponto 6: um paradigma ético-jurídico emergente atende pelo nome “direitos da natureza” e sustenta que o mundo natural tem valor intrínseco e não instrumental.
Ponto 7: o tempo que nos foi dado aqui na Terra e a saúde são dádivas. No fluxo da vida, estamos de passagem e somos elo do vir a ser.
Perceber a efemeridade do tempo e a delicadeza da teia que possibilita condições de vida deveria acender em nós atitudes de reverência à mãe Terra e irmandade com o meio que nos cerca. O Natal é também sobre isso: Jesus assumiu a condição, vivenciando com seu corpo o significado da experiência humana na Terra. O que temos de valioso e fundamental para modelar uma nova forma de ser-agir mais sustentável é a espiritualidade, a habilidade de aprender, o senso de participação coletiva na vida pública e o livre-arbítrio.
Desejamos para 2025 a ação necessária para o início da transição ecológica que o século XXI e as gerações futuras esperam de nós. Que a estrela de Natal ilumine, inspire, nos conceda energia e criatividade.
Para saber mais
PAPA FRANCISCO. Carta Encíclica Laudato si’ do Santo Padre Francisco sobre o Cuidado da Casa Comum. Vaticano, 2015. Disponível em: https://www.vatican.va/content/francesco/pt/encyclicals/documents/papa-francesco_20150524_enciclica-laudato-si.html. Acesso em: 8 set. 2024.
PLATAFORMA DE AÇÃO LAUDATO SI’. Roma: Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, 2024. Disponível em: https://plataformadeacaolaudatosi.org/. Acesso em: 8 set. 2024.
Marli Teresinha Everling
Professora dos cursos de Graduação e Pós-graduação em Design da Universidade da Região de Joinville (Univille); coordenadora do Projeto Ethos – Design e relações de uso em contexto de crise ecológica; colaboradora do Instituto Caranguejo de Educação Ambiental (caranguejo.org.br); colaboradora do blog SSpS Brasil para temas ambientais (https://blog.ssps.org.br/posts); colaboradora das redes sociais do design para temas ambientais – Instagram @designuniville