Estamos próximos da celebração do Natal. E o que é o Natal? Todos sabemos que é a celebração do nascimento do Filho de Deus, Jesus. Até aí, tudo bem, sem novidade, pois já o celebramos há mais de dois mil anos. Contudo essa celebração nos envolve num mistério. Como pode Deus, que é tão grande, imensurável, fazer-se do tamanho humano e perambular por nossos caminhos? A fé e a história nos revelam que foi assim, mas como imaginar que isso pudesse acontecer do jeito que foi? Só pode ser uma “loucura de Deus”!
Essa loucura se baseia numa única razão, que é seu amor “absurdo” por suas criaturas, que haviam se desencaminhado de suas veredas. Seu amor não permitiu que permanecêssemos longe dele, mergulhados numa vida sem futuro. Sua aliança conosco jamais foi desfeita por parte dele, mesmo quando o abandonamos, seguindo outros “deuses”. Nós somos propriedade dele, e disso Ele não abre mão. Ele é nosso “oleiro” perpétuo.
Para manifestar seu eterno “compromisso” de amor para conosco, Jesus deixou a condição de Deus para se encarnar no seio de Maria e nascer como todos os seres humanos, depois de nove meses de gestação. As estratégias de Deus para nos salvar foram além da imaginação humana. Todos esperavam salvação, mas havia muitas hipóteses de como seria, contudo nenhuma pensou que fosse da forma surpreendente como foi.
A primeira a saber como seria foi Maria, a eleita de Deus para a realização das “loucuras de Deus”. Ela, ao receber o anúncio do Anjo, ficou, no primeiro momento, perturbada (“surpresa”), perguntando como aquilo aconteceria. Na resposta do Anjo, ela apenas disse, “Eis a serva do Senhor” e completou, manifestando sua disponibilidade, dizendo: “faça-se em mim, segundo tua palavra”. Que momento extraordinário esse! Deus se servindo do corpo de Maria para tomar forma humana. Somos gratos a Maria por esse gesto de aceitação do mistério.
Desse momento em diante, a história humana entrou em outro compasso, tomou outro rumo, aquele das portas se abrirem para a volta às origens. A vida de Jesus entre nós foi uma continuada surpresa para aqueles que conviveram com ele, na Palestina de seu tempo. Seus gestos, seus ensinamentos, seus milagres, seu modo de lidar com as pessoas, sua vida vivida na perspectiva do Pai, realizando a missão que recebera.
Não apenas encantava os que se aproximavam dele, mas despertava em seus corações uma esperança nova. Viam suas vidas modificadas pela saúde, recuperada pela força que saía dele, viviam emoções sentidas em sua presença, que arrancava deles expressões como “nunca vimos coisas assim”. As multidões eram capazes de ficar com ele, dias a fio, sem se importar que não tivessem reservas de alimento. Nessas situações, eram surpreendidas não somente pelos ensinamentos e curas que recebiam, mas também, pela compaixão dele, que multiplicava, na frente delas, os poucos pães tirados dos alforjes dos discípulos ou das mãos de um menino. Todos se saciavam, à vontade, com pães e peixes, e nenhum desmaiou de fraqueza na volta para casa.
As “loucuras de Deus” não pararam por aí, nos milagres e ensinamentos dados com “autoridade” por Jesus, mas se completou no gesto maior de doar sua vida na Cruz. Esse foi o Grande Sinal, segundo o evangelista João, e sua grande Hora. Todos ficaram boquiabertos, vendo-o morrer daquele jeito. Até o oficial romano pagão confessou: “Realmente é o Filho de Deus”. Mas surpresa maior estava reservada para o terceiro dia, dia da prova maior, vencendo a morte, sua Ressurreição. Jesus se mostrou Redentor (Goel) e Salvador. Ninguém poderia fazer isso a não ser Ele, o enviado do Pai.
E o Natal deu início a tudo isso. Por isso continuamos vivendo “as loucuras de Deus” neste novo Natal que se aproxima. E como costumamos dizer: desejando uns aos outros “FELIZ NATAL”! É a “Loucura de Deus” nos salvando!
Pe. Deolino Pedro Baldissera, SDS