O mês de outubro está chegando e com ele todas as comemorações a Nossa Senhora Aparecida, a grande padroeira de nosso Brasil. Querida Mãe, no fim de 2020, logo após eu e meu marido termos acompanhado pela TV Aparecida uma bela e santa novena, fui contaminada pelo vírus. Somente minha fé e as bençãos de Maria me proporcionaram forças para suportar o contágio da covid-19.
Foram onze dias de muito sofrimento e risco na UTI, com respiração artificial, sem intubação, pois meus pulmões estavam com setenta por cento de comprometimento. A cada momento difícil, eu recorria aos meios de comunicação que estavam a meu dispor, como canais católicos, Youtube e Facebook. Sentia como uma brisa passando, visitando-me, encorajando-me… Só pode ter sido a Virgem Maria me falando à consciência: TUDO VAI PASSAR.
Era o poder de uma missa, um terço ou uma oração que me faziam companhia naquele lugar, onde me faltavam o ar, o sono e também o apetite, mas não a fé e a certeza da presença de Deus com sua Mãe Maria.
Durante a pandemia, em todos os cantos e recantos do mundo, os católicos mantiveram sua fé, com o auxílio dos projetos missionários das tevês católicas e de todas as redes sociais. Assim transformaram cada lar numa igreja doméstica, pois a frequência nas igrejas foi impedida. Relembrando: foi assim que o cristianismo começou. Não havia grandes templos nem grandes santuários. Os cristãos se reuniam em casa e em família.
Sabemos e reconhecemos que o papel de Maria para com a Igreja é inseparável de sua união com Cristo, tendo a origem nas entranhas de Nossa Mãe, a Virgem Maria. A vida de Maria teve uma relação permanente com seu filho Jesus, desde sua concepção virginal até a hora da morte de Cristo.
Maria, a bem-aventurada Virgem, avançou em sua peregrinação de fé e manteve sua união com o Filho até a Cruz, onde ficou com seu unigênito e associou seu sacrifício até a morte de Cruz. No fim, antes de ser morto na Cruz, foi dada como mãe ao Discípulo Amado, com estas palavras: “Mulher, eis aí teu filho”, e para nós foi dito: “Eis aí tua mãe!” (João 19,25-27). Grande presente para a humanidade!
A fé em Nossa Senhora Aparecida também nasceu com a devoção familiar. Os pescadores encontraram a imagem de Aparecida e a levaram para casa, surgindo aí a primeira igreja. Hoje temos o grande Santuário Nacional, onde se reúne o maior número de devotos brasileiros e estrangeiros. Cada devoto o visita para seu encontro pessoal e comunitário com Jesus Cristo, pela mediação materna de Nossa Senhora.
A Mãe de Jesus, por meio de cada celebração, convoca, convida, toca no coração de seus fiéis o amor, a esperança e a fé para perseverar no amor real a seu filho Jesus, expressando sua gratidão por gestos concretos com o próximo, principalmente com todos os menos favorecidos.
Sabemos que a fé cristã nos ilumina e leva a compadecer-nos com os sofredores, compartilhar, sermos fraternos e solidários, mostrar interesse através do apoio, do amor, principalmente, da generosidade. Minorar, com gestos concretos, as dores do próximo sofrido, desempregado, para além das palavras de conforto. Interessar-se pelas ações e inciativas comunitárias. Lembrar-se sempre de todo o sofrimento humano. Assim, recebe sua redenção, seu valor e seu sentido transformador a partir da Cruz de Jesus. Bendita a fé que dá asas ao discípulo-missionário de Jesus quando lhe falta o chão.
Que Maria, Mãe do Belo Amor, seja sempre bendita. Tenho certeza de que, para todos nós, sobram motivos para amar Nossa Senhora. Desde a mais remota memória da tradição cristã, os fiéis sempre olharam para Ela com carinho, com afeto, com devoção, por vários motivos: porque é discípula da Palavra, porque protegeu e amou Jesus, porque é a vocacionada do Pai e porque Ela é missionária, a primeira missionária, nosso modelo.
A razão principal de nossa devoção a Maria esteja de fato ligada à sua maternidade divina. Ela é a mãe de Deus e nossa mãe. No coração de todos os cristãos vibra esta esperança, de que Deus nasceu de uma mulher. Maria, Mãe de Deus, significa o amor de quem nos criou, de quem nos acolhe, de quem nos estende a mão nos momentos de aflição.
Podemos aí estender nossas mãos, pedindo à Mãe Aparecida intercessão a seu Filho Jesus. Maria estará sempre disponível com seu “sim”, como foi seu “sim” para o anjo Gabriel. Nós também somos chamados a dizer “sim” a Deus. O anjo Gabriel apresentou-se a Maria com um convite desafiante. E a resposta de Nossa Senhora foi “Faça-se em mim segundo a sua palavra” (Lucas 1,38).
Jesus, quando veio a este mundo quis nascer de uma mulher. Todos os mistérios da vida de Jesus derivam exatamente da Encarnação. Jesus é verdadeiramente humano e verdadeiramente divino.
A ressurreição de Cristo realmente é o núcleo. Crer na ressurreição de Jesus é crer na verdade fundamental de nossa fé. Que Nossa Senhora nos dê a mão e nos ajude a dizer “sim” a Deus e ao próximo todos os dias de nossas vidas. E que possamos cantar:
“Nossa Senhora, me dê a mão,
Cuida do meu coração,
Da minha vida, do meu destino,
Do meu caminho,
Cuida de mim!”
(Roberto Carlos, Nossa Senhora)
Referências
Catecismo da Igreja Católica, cap. 3, art. 9, § 6, Maria – Mãe de Cristo, Mãe da Igreja.
Disponível em: vatican.va/archive – Acesso em: 25 ago. 2021.
Portal A12.
Disponível em: a12.com – Acesso em: 25 ago. 2021.
Revista Aparecida, a. 19, n. 233, out. 2020.
Disponível em: mflip.com.br – Acesso em: 25 ago. 2021.
Rosiná Lopes Bressan
Coordenadora do Grupo de Missionários Leigos de Deus Uno e Trino (MLDUT) do Rio de Janeiro.